Resumo

A indústria do franchising contribui de forma relevante para as economias global e brasileira. No entanto, sua taxa de faturamento vem desacelerando. Além disso, Blair (2005, p. 21), sugere que há um otimismo da imprensa acerca de suas projeções de expansão. Alon, Madanoglu e Shoham (2017) apontam que, até o momento, houve poucas pesquisas quantitativas sobre como os fatores ambientais afetam a indústria. Este trabalho parte da perspectiva que fatores ambientais podem impactar o desempenho da indústria de franquias do Brasil.

Como visto, verifica-se uma desaceleração da expansão da indústria de franquias, o ceticismo acerca de suas projeções e relevante lacuna observada nos meios acadêmicos. O objetivo do trabalho é auferir a expansão da indústria de franquias por meio de comparação com outros indicadores. Pela perspectiva do faturamento bruto, desenvolver uma análise quantitativa descritiva de séries temporais, de 2009 a 2019, acerca do desempenho da expansão da indústria de franquias no Brasil comparando-o com indicadores econômicos e com indicadores da expansão de outras indústrias, todos relacionados ao varejo.

Os estudos acadêmicos sobre franquias concentraram-se nas economias desenvolvidas, Blair (2005). Alon, Madanoglu e Shoham (2017) defendem que existem duas teorias dominantes sobre o franchising, escassez e agência. Todavia, apontam que há outras teorias. Os autores sugerem que são orientadas principalmente para fatores internos e têm poucos vínculos com o ambiente externo. As duas principais são estáticas e utilizam variáveis internas para explicar o franchising. Tudo acontece enquanto o ambiente externo é amplamente mantido de forma constante.

O estudo abarca um número de indicadores diversificado, dispostos em séries temporais, analisados por meio de estatística descritiva de comparação, que permite ao pesquisador uma melhor compressão do comportamento dos dados, identificando tendências, variabilidade e valores atípicos, conforme literatura. As informações de faturamento coletadas devem ser caracterizadas como amostras. A principal borda deste trabalho exclui a análise de indicadores ou variáveis internas à operação e expansão, observadas em outros trabalhos, o olhar apenas para a perspectiva ambiental também é uma limitação.

Verifica-se a expansão do faturamento nominal do franchising com expansão vigorosa acima do ∆%PIB, o mesmo sendo observado para os indicadores de preço ∆%IGP-DI e ∆%IPCA para todo período analisado. Verifica-se ainda a robusta expansão da indústria de shopping centers. Quanto ao e-commerce os números apontam uma expansão mais vigorosa do que a verificada na indústria de franquias. Já em relação ao benchmark com o desempenho do faturamento interno do franchising nos EUA (∆%Fatur.EUA), verifica-se que a expansão no Brasil obteve um desempenho a taxas mais altas para todo o período analisado.

Pode-se inferir que o franchising no Brasil captura mais valor na economia que outros setores, não sendo possível apontar que as projeções referentes à expansão da indústria, amplamente divulgadas na mídia, sejam demasiadamente otimistas. No entanto, passou a crescer a taxas menores a partir de 2014. Como estímulos para trabalhos subsequentes fica a reflexão. Estaria a indústria de franquias no Brasil chegando ao seu pico de crescimento ou vai continuar crescendo, mas a taxas inferiores as atuais?

ALON, Ilan; MADANOGLU, Melih; SHOHAM, Amir. Strategic agility explanations for managing franchising expansion during economic cycles. Competitiveness Review: An International Business Journal, 2017. BLAIR, Roger D. et al. The economics of franchising. Cambridge University Press, 2005. CHERTO, M. R. Franchising: Revolução no Marketing. São Paulo: McGraw-Hill, 1988. GILLIS, William; CASTROGIOVANNI, Gary J. The franchising business model: an entrepreneurial growth alternative. International Entrepreneurship and Management Journal, v. 8, n. 1, p. 75-98, 2012.