Resumo

Título do Artigo

UBERIZAÇÃO DO TRABALHO: a percepção dos motoristas de transporte por aplicativos na cidade de Goiânia.
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Palavras Chave

Uberização do trabalho
Empresas-plataformas
Percepção do trabalhador

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa

Autores

Nome
1 - Rodrigo Bombonati de Souza Moraes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG) - Regional Goiás
2 - PAULO HENRIQUE SANTANA DE OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG) - Centro de Recursos Computacionais - CERCOMP
3 - Sara Ferreira Ribeiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG) - Goiás
4 - Jaqueline Maria Lino
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG) - Regional Goiás

Reumo

A uberização do trabalho evidencia uma nova forma de organizar, gerenciar e controlar o trabalho. Tal organização satisfaz o processo capitalista de produção, tanto por atender necessidades econômicas quanto políticas: no primeiro caso, com a intensificação da extração da mais-valia do trabalho; no segundo, com a manutenção das relações de dominação e subordinação, utilizadas para garantir a primeira (FISCHER, 1987). Decorre disso o modelo de gestão de pessoas como “a maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho.”(FISCHER, A,2003,p.12).
As ideias de autonomia, independência e empreendedorismo parecem subjazer à nova forma de exploração da força de trabalho por meio das plataformas, intensificando e atualizando a pretérita noção de precarização do trabalho. Diante desse cenário, pergunta-se: qual a percepção dos trabalhadores quanto ao trabalho organizado e gerido pelas empresas-plataformas? Considerando a uberização ou plataformização do trabalho, bem como seu potencial para a precarização, objetiva-se, neste artigo, analisar a percepção dos motoristas de transporte por aplicativo da cidade de Goiânia quanto ao seu trabalho.
A uberização ou plataformização do trabalho insere-se na lógica da gig economy, caracterizada pelo crescente número de trabalhos informais e do incremento do desemprego estrutural. As plataformas digitais de trabalho são novas e emblemáticas do futuro do trabalho (ILO, 2018). As mudanças tecnológicas foram uma fonte importante de trabalho precário. Os avanços na tecnologia diminuíram os ciclos de produtos e aumentaram os prêmios na obtenção de flexibilidade nos processos de fabricação. Ademais, o status do empreendedorismo muda em um mundo onde todos devem possuir uma atitude empreendedora.
Trata-se de uma pesquisa descritiva com utilização do método Survey para a coleta de dados. O questionário, com questões para identificação do perfil dos respondentes e para levantamento de suas percepções quanto ao trabalho para as empresas-aplicativo (etapa elaborada na escala Likert de 5 pontos – discordo totalmente a concordo totalmente), foi aplicado junto a 99 motoristas de transporte por aplicativo na cidade de Goiânia. As respostas foram analisadas por meio da estatística descritiva e da análise fatorial (método de extração de Componentes Principais), com a utilização do software SPSS.
Identificaram-se quantidades excessivas de dias e horas trabalhadas, comparativamente ao trabalho formal regulamentado, além da constatação de que 78,7% dos motoristas ou possuem veículos financiados ou alugam um carro para poder trabalhar. A análise das respostas às afirmações constituiu seis componentes principais, rotulados da seguinte maneira: Formalização do emprego; Rendimentos; Autonomia; Perdas percebidas; Oportunidade de emprego;e Avaliação do trabalho. Os motoristas percebem tanto a necessidade das garantias do trabalho formal e quanto o benefício da autonomia do trabalho flexível.
Nos últimos trinta anos, erigiram formas de trabalho com maiores riscos, inseguranças e perdas de direitos. Embora as empresas-plataformas, pela forma que organizam e controlam o trabalho, não reconheçam relações de emprego com quem consideram “prestadores de serviço”, parece-nos que tais trabalhadores não realizam o trabalho de modo esporádico, como “bico”. Diferentemente, esta pesquisa mostra um trabalho realizado com habitualidade, onerosidade, pessoalidade e subordinação, o que, para o direito, constitui relação trabalhista. A análise da percepção dos motoristas também aponta para isso.
FLEURY, Maria Tereza; FISCHER, Rosa Maria. Processos relações do trabalho no Brasil. São Paulo: Atlas, 1987. FRANCO, David Silva; FERRAZ, Deise Luiza da Silva. Uberização do trabalho e acumulação capitalista. Cad. EBAPE.BR, v.17, Rio de Janeiro, nov. 2019. HAIR, Joseph F. et al. Análise multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. ILO. Digital labour platforms and the future of work: towards decent work in the online world. Geneva: International Labour Office, 2018. KALLEBERG, A. L. Precarious lives: job insecurity and well-being in rich democracies. Cambridge:Polity Press,2018