Resumo

Título do Artigo

NOVO TRATAMENTO CONTÁBIL PARA ARRENDAMENTO: IMPACTO NOS INDICADORES FINANCEIROS E NO MERCADO DE CAPITAIS
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Palavras Chave

IFRS 16
Indicadores financeiros
Estudo de evento

Área

Finanças

Tema

Contabilidade

Autores

Nome
1 - Ricardo Luiz Menezes da Silva
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEARP
2 - Paula Carolina Ciampaglia Nardi
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Ribeirão Preto
3 - Mariana Simões Ferraz do Amaral Fregonesi
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Ribeirão Preto
4 - Georgia Saiani Mendes
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto
5 - Rafael Antonio Moutinho
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Ribeirão Preto

Reumo

Antes da nova norma de arrendamento constatou-se US$ 3 trilhões de obrigações fora do balanço das companhias que adotam IFRS. O novo tratamento contábil para arrendamento passou a exigir que o arrendatário reconhecesse todos os arrendamentos da mesma forma, deixando de existir a diferenciação no tratamento contábil dos arrendamentos financeiros e operacionais presentes no IAS 17. Os arrendamentos operacionais passaram a ser refletidos no balanço patrimonial das empresas arrendatárias, de maneira que a informação contábil colocada à disposição dos usuários externos fosse mais fidedigna.
As contabilizações desses arrendamentos poderiam impactar indicadores financeiros, e também poderiam influenciar as decisões de investidores. Entretanto, a literatura trata de indicadores financeiros, mas não investiga o efeito no mercado de ações, o que pode confirmar ou não o temor que as empresas tinham ao tratar da aplicação da IFRS 16. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo aplicar um estudo de evento para testar a hipótese de que o mercado eficientemente incorpora informações (Fama, 1970) sobre os efeitos da IFRS 16 no valor de mercado das empresas.
No Brasil, Arrozio et al. (2016), Chaves (2016) e Colares et al. (2018) investigaram efeitos da IFRS 16 nos indicadores das empresas de capital aberto, antes da adoção da norma. Os estudos encontraram impactos significativos em indicadores de liquidez, estrutura de capital e rentabilidade. No campo internacional, também foi observado efeito significativo nos indicadores em Morales-Díaz e Zamora-Ramírez (2018), Öztürk e Serçemeli (2016) e Sari, Altintas e Tas (2016). Partindo da Hipótese de Mercado Eficiente, a melhor qualidade dos indicadores pode levar a uma melhor decisão de investimento.
Para cumprir o objetivo do trabalho, comparou-se os indicadores financeiros antes e após a adoção da norma, utilizando dados reais das primeiras demonstrações contábeis divulgadas após a adoção da norma. Assim, identificaram-se os impactos concretizados pela IFRS 16 nas demonstrações contábeis de 37 das 50 companhias que constituíam a carteira do índice IBrX50 em agosto de 2019. Para verificar o comportamento antes e depois da adoção da norma, utilizaram-se dados de mercado retirados da plataforma Bloomberg ® e foi realizado um estudo de evento.
Os achados obtidos revelaram impactos negativos em 78,2% dos indicadores das empresas analisadas, corroborando resultados de estudos anteriores. O estudo de evento mostrou que o mercado incorporou as novas informações disponíveis, resultando em um ajuste no preço das ações. Neste sentido, pode-se afirmar que a norma permitiu avaliar os efeitos patrimoniais adversos, os quais não eram de conhecimento dos stakeholders. Estes resultados são consistentes com a ideia de que a administração pode postergar a comunicação de más notícias até estar em conformidade com as IFRS.
Conclui-se que a mudança na contabilização teve efeitos na percepção dos investidores acerca do desempenho financeiro das entidades - coerente com a mudança no tratamento contábil para arrendamento. Os resultados obtidos pelo estudo de evento mostraram que o mercado também tinha uma visão superficial dos efeitos dos arrendamentos nas demonstrações contábeis, e que, a maior quantidade de informação relevante levou a uma situação econômico-financeira mais transparente e próxima da realidade, resultando em um ajuste dos preços das ações.
Colares, A. C. V.; Gomes, A. P. M. Bueno, L. C. L. & Pinheiro, L. E T. (2018). Efeitos Da Adoção Da Ifrs 16 Nos Indicadores De Desempenho De Entidades Arrendatárias. Gestão Finanças e Contabilidade, 8(2), pp. 46-65. Morales-Díaz, J. & Zamora-Ramírez, C. (2018). The Impact of IFRS 16 on Key Financial Ratios: A New Methodological Approach, Accounting in Europe, 15(1), pp. 105-133. Sari, E. S., Altintas, T. & Tas, N. (2016). The Effect of the IFRS 16: Constructive Capitalization of Operating Leases in the Turkish Retailing Sector 2016. Journal of Business Economics and Finance, 5(1), pp. 138 - 14