Resumo

Título do Artigo

Aeroportos como espaços de liminaridade- o caso dos aeroportos de voos domésticos brasileiros
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Palavras Chave

Aeroportos
Liminaridade
Micro-destinos

Área

Turismo e Hospitalidade

Tema

Dimensões e Contextos do Turismo e da Hospitalidade

Autores

Nome
1 - Otávio Bezerra de Sena Júnior
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Campus Darcy Ribeiro
2 - PAULO HENRIQUE DE SOUZA BERMEJO
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Departamento de Administração / Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão Pública

Reumo

Em análises mais recentes, Wattanacharoensil et al. (2016) se dedicou a investigar o entendimento das experiências nos aeroportos, tanto da perspectiva sociológica quanto psicológica e na esfera do marketing de serviços. Nesse sentido, Huang et al. (2018) diante de tantas funcionalidades dentro de um mesmo contexto, decidiu por analisar as possibilidades dos aeroportos irem além do simples “turismo”, funcionando como um “micro-destino” que as pessoas desejam visitar e mais que isso: um lugar de trabalho, lar ou mesmo espaço social.
O presente estudo tem a intenção de preencher esse gap para analisar em maior profundidade os rituais de consumo dos passageiros. Em segundo lugar, o artigo buscou investigar de que forma o passageiro de voos domésticos utiliza o ambiente de aeroporto como um espaço social singular, analisando tanto sua interação com o meio ambiente quanto com outros passageiros (conhecidos ou não). Dessa maneira, o artigo pretende responder ao seguinte questionamento principal: na perspectiva dos conceitos de liminaridade e comunalidade, qual o padrão de comportamento dos passageiros de voos domésticos?
O tema “liminaridade” introduzido por Gennep (1960), foi denominado como os “ritos de passagem”, sendo aqueles que seguem toda alteração de lugar, estado, posição social e idade. Já Turner (1967) atuou como um dos precursores responsáveis pelo refinamento do conceito de liminaridade, explicada por ele como sendo uma condição momentânea na qual os indivíduos se encontram desprovidos das hierarquias sociais passadas, ocupando um entre-lugar indefinido, no qual o sujeito fica impedido de ser categorizado de forma plena.
Para atingir o objetivo da pesquisa, foram aplicadas questionários semi-estruturados, com perguntas voltadas para os turistas e suas experiências em aeroportos nacionais (voos domésticos). Vale ressaltar que o roteiro da entrevista foi desenvolvido por Huang et al (2018), com base na literatura relevante sobre as principais dimensões dos passageiros, a saber: experiência nos aeroportos (incluindo as atividades comerciais); não-lugar e senso de lugar, além da liminaridade e a communitas.
Quando questionados sobre como se sentem quando está no aeroporto, os participantes revelaram que antes de passar pela segurança se sentiam “ansiosos”, “impacientes”, “irritados”, “estressados”, “tensos”, “apreensivos”, “cansados”, “estranho”, “péssimo” e logo após “aliviados”, “seguros” e “tranquilos”. Um deles chegou a afirmar “me sinto diferente sim, pois mesmo que você não tenha nada você fica tenso antes e durante o momento que está passando pela segurança. Às vezes a gente esquece qualquer coisa no bolso e pode apitar [...]”.
Diante de tudo que foi discutido, percebeu-se que a maioria dos entrevistados realmente consideram que os aeroportos atuam como “micro-destinos” que desejam visitar, porém cabe ressaltar que o conceito de “aerotrópole”, ou seja, cidades que atuem como verdadeiras “cidades” (tanto do ponto de vista de negócios quanto de entretenimento) dentro do aeroporto ainda estão aquém de se tornarem realidade no que se refere ao contexto do Brasil.
Gennep, A. V. (1960). The rites of passage. London: Routledge and Kegan Paul. Huang, W-J; Xiao, H. & Wang, S. (2018). Airports as a liminal space. Annals of Tourism Research, 70 ,1-13 Turner, V. (1967). The forest of symbols: Aspects of Ndembu ritual. Ithaca: Cornell UP. Wattanacharoensil, W; Schukert, M; Graham, A. & Dean, A. (2017). An analysis of the airport experience from an air traveler perspective. Journal of Hospitality and Tourism Management, 32, 124-135