Resumo

Título do Artigo

ÌYÁMI AGBA WA O : O CULTO A DIVINDADES FEMININAS EM ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS DE MATRIZ AFRICANA E A VALORIZAÇÃO DAS MULHERES
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Palavras Chave

Mulheres
Organizações religiosas
Religião de Matriz Africana

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - RENAN GOMES DE MOURA
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - Lapa
2 - Elaine Barbosa da Silva
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - Lapa

Reumo

Embora a relação entre feminismo e religião venha ganhando espaço atualmente, como temas que dialogam, é importante observar que algumas religiões já mantinham culto primeiramente a divindades femininas, como os seres humanos no período neolítico (Zanchetta, 2016). Contudo, mesmo que muitas religiões tenham crescido e se disseminado sob a égide do patriarcado, algumas organizações religiosas na contemporaneidade mantiveram o culto ao poder feminino, por exemplo as religiões de matrizes africanas, em específico os descendentes da grande Yorubalândia.
Considerando que a nossa sociedade, de uma maneira geral, se estruturou em torno do patriarcado e que as instituições, normalmente, refletem essa cultura, não se sabe como a participação nesses cultos religiosos, dedicados às divindades femininas, influenciam na percepção de seus participantes sobre a valorização da mulher e seus impactos na vida social. o presente artigo busca compreender como organizações religiosas de matriz africana, por meio do culto a Ìyámi Òsòròngà, Obbá e Ọ̀ṣun, valorizam as mulheres e quais são os impactos sociais em suas vidas.
Primeiramente devemos enxergar os espaços em que ocorrem a religião denominada candomblé como organizações, uma vez que segundo Thiollent (2014) e Parker (2016) o conceito de organização não deve ser aplicado somente para designar empresas, mas também pode ser estendido a qualquer outro tipo de vida social organizada. As organizações religiosas têm muito a dizer sobre como as crenças são entendidas e praticadas pelos indivíduos e teorias organizacionais e pesquisas têm muito a dizer sobre como entender a natureza organizacional da religião (Scheitle & Dougherty, 2008).
Nos terreiros de candomblé há diversos momentos em que o sagrado feminino é valorizado, isso ocorre porque há um enaltecimento dos mitos e cultos das divindades femininas e pelo fato das lideranças religiosas serem exercidas por mulheres e homossexuais (Cordovil, 2016). É importante observar que o papel da mulher nos cultos afro-brasileiros bem como a representação mítica do feminino se constitui como um elemento importante no resgate e na formação da identidade de mulheres que pertencem a essas religiões (Carneiro, 2008).
O empoderamento feminino e a conscientização do papel da mulher na sociedade são sinalizados pelos entrevistados como um elemento que transborda do culto para a sociedade, enfatizando que percebem os contrastes entre o modo como a mulher é tratada na sociedade ocidental e a maneira como é retratada na cultura africana. Nesse sentido, os cultos assumem um posicionamento importante no sentido de promover o empoderamento feminino pelo entendimento de seus espaços dentro da sociedade de uma forma igual, que são tão livres quanto aos homens e que possuem os mesmos direitos sociais.
Carneiro, Sueli; Cury, Cristiane. (2008). O poder feminino no culto dos orixás. Cordovil, Daniela. (2016). Espiritualidades feministas: Relações de gênero e padrões de família entre adeptos da wicca e do candomblé no Brasil. Parker, M. (2016). Towards an alternative business school: A school of organizing. Scheitle, Christopher P. & Dougherty, Kevin D. (2008). The Sociology of Religious Organizations Thiollent, Michel. (2014). Estudos organizacionais: possível quadro referencial e interfaces. Zanchetta, Maria Inês (2016). As divindades femininas: No princípio, eram as deusas .