Resumo

Título do Artigo

“ME CONVIDAM PARA A FESTA, MAS ME CHAMAM PRA DANÇAR?”: um panorama sobre políticas assistenciais estudantis
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Palavras Chave

permanência
assistência estudantil
justiça social

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Thais Cristina Mazoni Alves
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
2 - Heliani Berlato
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Esalq

Reumo

Além das dificuldades enfrentadas durante a fase de ingresso no ensino superior, os estudantes podem encontrar barreiras também em sua trajetória acadêmica. Mesmo quando as instituições desse nível de ensino adotam ações afirmativas para ingresso, isso não é o suficiente para que haja a inclusão de quem entra na universidade. É fundamental que existam políticas de assistência estudantil que possibilitem a sua participação plena no ambiente universitário.
As ações afirmativas visam contribuir para o aumento de diversidade dos estudantes no ensino superior, no entanto, é necessário saber se as instituições de ensino também promovem a inclusão a partir das políticas de permanência estudantil. Diante disso, o estudo buscou caracterizar, sob a perspectiva da teoria bidimensional de justiça social, o quanto as políticas de assistência estudantil promovem a permanência de alunos residentes das moradias estudantis de uma universidade pública estadual e também visou caracterizar o perfil sociodemográfico desses estudantes.
Há injustiças na sociedade que têm reflexos na educação e, ainda que haja políticas para o ingresso ao ensino superior visando combatê-las, elas não garantem a permanência dos estudantes na universidade, por isso a assistência estudantil assume papel fundamental nessa questão (IMPERATORI, 2017). Cabe também compreender a permanência estudantil para além do suporte financeiro, pensando nisso, uma teoria sobre justiça social que considera a necessidade de combater tanto as injustiças distributivas e de reconhecimento é pertinente dentro da discussão sobre assistência estudantil (FRASER, 2003).
Este estudo foi de caráter descritivo, adotando uma abordagem quantitativa para investigar o problema de pesquisa. O instrumento de coleta de dados foi um questionário com escala Likert. A construção do questionário foi feita a partir da revisão de literatura sobre assistência estudantil e justiça social. A amostra consistiu em 307 estudantes residentes das moradias de uma universidade pública estadual localizada no estado de São Paulo. Para a análise dos resultados foram utilizadas técnicas de estatística multivariada, realizando a análise fatorial e a análise de agrupamentos (HAIR et al.)
Identificou-se que o perfil dos respondentes é caracterizado principalmente por pessoas do gênero feminino e que se autodeclaram brancas. A maioria dos estudantes teve o apoio de seus responsáveis para o ingresso no ensino superior. As análises estatísticas permitiram identificar três agrupamentos de estudantes: Subordinados, Céticos e Incertos. A maioria dos estudantes não percebeu na universidade uma atmosfera diversa e inclusiva, sendo que as formas de suporte e apoio não são suficientes para combater as injustiças distributivas e de reconhecimento que estão presentes nesse espaço.
Apesar dos esforços da universidade na promoção da permanência dos estudantes, ainda são necessárias ações para a inclusão, permitindo que eles sejam pares nas relações que estabelecem com outros. Cabe destacar as limitações do estudo, como a amostra ter sido por conveniência e ter sido adotada somente a abordagem quantitativa. Para estudos futuros sugere-se utilizar também uma abordagem qualitativa para se aprofundar em aspectos subjetivos. Há também a oportunidade para estudar os alunos que não residem na moradia estudantil e são assistidos por outras ações de assistência estudantil.
FRASER, N. Social Justice in the Age of Identity Politics: Redistribution, Recognition, and Participation. In: FRASER, N.; HONNETH, A. Redistribution or recognition?: a political-philosophical exchange. Verso, 2003. HAIR, J. F.; BLACK, W. C.; BABIN, B. J; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L. Análise multivariada de dados. Bookman Editora, 2009.