jovens
patrimônio disposicional
aprendizagem situada
Área
Ensino e Pesquisa em Administração
Tema
Experiências no ensino-aprendizagem
Autores
Nome
1 - Jhony Pereira Moraes UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
Reumo
Este ensaio teve por objetivo discutir a relação entre patrimônio disposicional e aprendizagem situada tendo como plano de fundo os jovens oriundos dos meios populares. A discussão tentou salientar pontos de atenção, tais como a relevância de considerar-se os conhecimentos produzidos em práticas sociais de diferentes momentos socializadores como participantes das práticas sociais nos espaços de aprendizagem (em que pese a escola, principalmente); a importância do estudo sobre o patrimônio disposicional dos jovens na tentativa de aproximação à ideia de aprendizagem situada.
Foi latente pensar as relações entre os jovens oriundos dos meios populares com a aprendizagem, tanto no espaço formal (escolas/ensino superior) quanto
informal (projetos sociais) de ensino. Nesse sentido argumenta-se que é relevante analisar as disposições dos jovens oriundos dos meios populares de modo a compreender-se quais as interlocuções entre patrimônio disposicional e aprendizagem.
Olhar para o arcabouço social é considerar “a pluralidade de disposições e de
contextos sociais que atravessam os indivíduos” (ALVES, 2016, p. 312). Assim, entende-se
que em um indivíduo coexistem disposições heterogêneas (dissonantes), produtos de
diferentes socializações e interações. Essa compreensão funda a ideia de homem plural: “uma
visão mais complexa do indivíduo, menos unificado e portador de hábitos (de esquemas ou
de disposições) heterogêneos e, em alguns casos, opostos, contraditórios (LAHIRE, 2005, p.
25).
Para entendermos as conexões entre patrimônio disposicional e aprendizagem situada
também é relevante falar sobre socialização, conceito caro à teoria disposicional. Lahire reforça
que os patrimônios disposicionais supõem localizar, descrever e analisar os mecanismos de
socialização. É preciso descrever os quadros de socialização, seus atores e suas propriedades
de modo a distinguí-los de outros quadros, como a família, a escola, o trabalho, o político, o
religioso e o esportivo.
Diante disso, a análise do patrimônio disposicional sobre a aprendizagem situada
converge para um olhar atento aos sentidos atribuídos pelo jovem sobre o que aprende, a
efetividade do que é ensinado na trajetória de vida (pessoal e profissional) dos jovens, sobre as
práticas escolares e de aprendizagem especificamente aos grupos juvenis em vulnerabilidade
social ou oriundos dos meios populares. Sobretudo, atividades escolares que tomam por
fundamento a aprendizagem situada tendem a iluminar as desigualdades sociais, as
classificações e a discriminações comportamentais sofridas pelos jovens.
LAHIRE, Bernard. Patrimónios individuais de disposições: para uma sociologia à escala individual. Sociologia, problemas e práticas, n. 49, p. 11-42, 2005.
GHERARDI, Silvia. Situated knowledge and situated action: What do practice-based studies promise. The SAGE handbook of new approaches in management and organization, p.516-525, 2008.
NICOLINI, Davide. Practice theory, work, and organization: An introduction. OUPOxford, 2012.