Resumo

Título do Artigo

REFLEXOS DA INDÚSTRIA 4.0 NOS RECURSOS HUMANOS: PERSPECTIVAS SOB A ÓTICA DE HEIDEGGER E FEENBERG
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Palavras Chave

Indústria 4.0
Recursos Humanos
Filosofia da tecnologia

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Temas Emergentes e Modismos em Gestão de Pessoas

Autores

Nome
1 - Graziela dos Santos Bento
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) - Campus 1
2 - MARCIA ZANIEVICZ DA SILVA
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) - Blumenau

Reumo

A indústria 4.0, também conhecida como a quarta revolução industrial, descreve uma indústria cujas principais características compreendem máquinas conectadas, produtos/sistemas inteligentes e soluções inter-relacionadas, para aumento da produtividade, e, consequentemente, da competitividade. No entanto, há uma visão pessimista de que as massas de pessoas perderão seus empregos e assim serão condenadas à pobreza e marginalização, uma vez que tarefas simples e repetitivas são as mais fáceis de se automatizar.
Na academia, o tema indústria 4.0 é emergente. A maioria dos estudos são quantitativos e focados nas tecnologias, e pouca atenção é dada ao impacto na sociedade de forma geral, no que diz respeito às pessoas nas organizações. Por outro lado, a tecnologia decorrente da indústria e seu papel sociocultural tem sido objeto de discussão e análise crítica desde o século XX, por meio de filósofos da tecnologia, como Martin Heidegger e Andrew Feenberg. Este ensaio tem o propósito de refletir, com base em Heidegger e Feenberg, os impactos da Indústria 4.0 sobre as pessoas nas organizações.
Entre as vertentes da filosofia da tecnologia, a Humanista preocupa-se com o significado da tecnologia e seu impacto na sociedade e na cultura (MITCHAM, 1994). Nessa perspectiva, destacam-se filósofos como Heidegger e Feenberg. O trabalho desses autores se relaciona por sua origem na Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, enfatizando as desvantagens da tecnologia nas sociedades capitalistas contemporâneas, alegando que a modernidade conduziu os seres humanos à subordinação e ao conformismo frente aos usos da tecnologia, deixando de lado o pensar crítico sobre a vida e a realidade como um todo.
A indústria 4.0 terá impactos na sociedade, seja em termos de educação, formação profissional e/ou relações de trabalho. Mas a sociedade não deve adotar uma visão tão pessimista quando à de Heidegger em relação a essa nova realidade. Em linha com o pensamento de Feenberg (1999), ações ainda são necessárias para evitar o surgimento de problemas sociais críticos. Preparar as novas gerações para esse contexto é condição sine qua non para que se tenha sucesso e se utilize a tecnologia da melhor maneira possível, criando soluções para os problemas da sociedade, ao invés de gerar novos problemas.
Como o fenômeno da indústria 4.0 é relativamente recente e em transformação, os estudos atuais vislumbram potenciais impactos, não sendo possível neste ensaio descrever impactos efetivos e reais desse fenômeno, devido à carência de estudos empíricos que possam atestar os reflexos em diversos contextos organizacionais. Estudos futuros podem analisar os efeitos das tecnologias da indústria 4.0 longitudinalmente. Avaliar o comportamento dessas questões ao longo do tempo em uma ou várias organizações, desde o início da adoção dessas tecnologias, permitirá compreender melhor esse fenômeno.
CUPANI, Alberto. Filosofia da tecnologia: um convite 3ª Ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2016. FEENBERG, Andrew. Questioning technology. London: Routledge, 1999. GRAGLIA, Marcelo Augusto Vieira; LAZZARESCHI, Noêmia. A Indústria 4.0 e o Futuro do Trabalho: Tensões e Perspectivas. Revista Brasileira de Sociologia-RBS, v. 6, n. 14, 2018. HEIDEGGER, Martin. The question concerning technology and other issues. Trad. William Lovitt. New York : Harper e Row, 1977. ZIMMERMAN, Michael E. Confronto de Heidegger com a modernidade: tecnologia, política, arte. Lisboa: Instituto Piaget, 2001. 432 p.