Resumo

Título do Artigo

PODER E VIGILÂNCIA EM UMA ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL DE PRIMEIRA INFÂNCIA CRISTÃ
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Palavras Chave

Poder
Vigilância
Religião

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - SHAYARA ARAUJO MENDONCA FERRARI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) - Unimontes
2 - Paula Ferreira Ribeiro
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) - Montes Claros
3 - Cíntia Lopes Marques
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) - Montes Claros
4 - Felipe Fróes Couto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) - Campus Darcy Ribeiro - Montes Claros

Reumo

Família, escola, trabalho e demais espaços de convivência delimitam, através do normal e anormal, certo e errado, aceitável e inaceitável, como os indivíduos que permeiam seus espaços devem se portar, a fim de assegurar que, por meio das normas e da vigilância, o poder seja mantido, logo, tornam-se necessários mecanismos de vigiar, de maneira visível e verificável, aqueles que pertencem às instituições sociais (PORTOCARRERO, 2004; VALENTE, 2020).
O problema de pesquisa a ser respondido neste trabalho é: de que forma são exercidas as práticas disciplinares e de vigilância sobre o trabalho e a subjetividade de docentes de uma escola religiosa em Minas Gerais? Responder a este problema contribui para os estudos de simbolismos, gestão educacional e para a complementação empírica de estudos de autores como Pereira (2013), Alves e Pizzi (2014) e Santos, Silveira e Silva (2016), uma vez que analisa a materialidade das práticas disciplinares e de vigilância em instituições educacionais, como tratadas por Caciano e Silva (2012) e Galvão (2018).
Nortear os seres humanos requer da sociedade instituições que detenham atores, responsáveis pela propagação e cumprimento das estratégias de poder. São impostas aos indivíduos regras de conduta, que são naturalizadas e absorvidas, fazendo com que estes se tornem “guardiões do sistema” (TRAGTENBERG, 1985), passando a exercer sobre os demais o mesmo poder. Assim, essa pesquisa teve como propósito a análise da dinâmica entre as práticas de poder e disciplinas institucionalizadas numa instituição do terceiro setor criada num segmento cristão protestante, voltada para a Educação Infantil.
Esta pesquisa qualitativa ocorreu em uma organização educacional religiosa, situada na cidade de Montes Claros, norte de Minas Gerais, fundada há mais de 30 anos. Foram realizadas entrevistas com oito professoras, todas do sexo feminino, cristãs, graduadas em pedagogia e entre 33 e 45 anos, sendo no total oito profissionais de educação, que tinham de cinco a dezenove anos de exercício profissional na instituição escolhida para a pesquisa. O método utilizado para análise foi o de análise de conteúdo, o que possibilita a realização de interferências sobre os elementos da comunicação.
Nossas descobertas, ao longo deste artigo, é o de que sistemas de regras são naturalizados e tornados invisíveis no processo de educação; que a família é considerado uma entidade estratégica para o exercício do controle e da vigilância das crianças no processo de educação, contudo, a própria família também se torna objeto da vigilância nas escolas; que os elementos cristãos são ‘embutidos’ no ensino da moralidade, do caráter, da afetividade e do amor ao próximo, mas não são trazidos de forma explícita, nem associada à tolerância em relação a outras religiões e à cidadania.
Ao longo desta pesquisa, foi possível identificar que todo o processo de construção do conhecimento na primeira infância utiliza normas que passam a ser naturalizadas por meio das repetições e das práticas de vigilância; discursos de ordem, obediência e respeito perpetuam o poder das instituições sobre os indivíduos. A vigilância estabelece um instrumento disciplinador dos alunos, onde a fiscalização das professoras, supervisores e direção de forma geral, em todos os ambientes da organização, limitam o comportamento dos alunos.
BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1985., FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). Martins Fontes, 2008. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 20 ed. Petrópolis: Vozes, 1999. GALVÃO, B. A. Foucault, Deleuze e a máquina escolar: A escola como dispositivo de poder e a produção de corpos dóceis. Revista Ideação, p.257-284, 2018.