Resumo

As transformações de ordem econômica, ambiental e social que ocorreram nos últimos anos têm influenciado as estratégias das organizações. Essas mudanças exigiram dos dirigentes reflexão acerca da influência das externalidades ambientais na performance empresarial. Muito além da compreensão dessas influências, a percepção das empresas enquanto parte integrada de um sistema complexo envolvendo os mais diversos atores torna-se requisito para a obtenção de desempenho satisfatório.

Uma das questões mais discutidas no campo da administração estratégica, nos mais diversos segmentos de atuação e mesmo diante de mercados turbulentos, é como algumas organizações obtêm vantagem competitiva, ainda que estejam inseridas sob as mesmas condições contextuais externas e desenvolvam recursos internos semelhantes. Partindo dessa premissa, esta investigação tem o objetivo de identificar as capacidades dinâmicas que fundamentam as mudanças estratégicas de hotéis inseridos no entorno do Complexo Industrial e Portuário de Suape.

A perspectiva das capacidades dinâmicas consiste em como as organizações se antecipam e respondem às transformações ambientais, adaptam-se as novas demandas de mercado e criam um ambiente favorável, integrativo e capaz de fornecer vantagem competitiva reconfigurando suas capacidades internas e externas (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; EISENHARDT; MARTIN, 2000). Ainda que haja muita discussão acerca da natureza e influência dessa abordagem no desempenho das organizações, o interesse acadêmico por pesquisas na área é crescente e deve continuar (WILKE et al., 2019).

Utilizou-se a abordagem qualitativa e a estratégia de múltiplos casos. Foram selecionadas nove organizações e por meio da seleção de documentos e realização de entrevistas semiestruturadas com treze indivíduos diretamente relacionados aos hotéis, os dados foram coletados. As informações foram examinadas mediante a análise de conteúdo. Para auxiliar o processo de análise utilizou-se o software ATLAS.ti

A partir da análise dos dados foram identificadas capacidades de primeira ordem, a saber: detecção, apreensão e reconfiguração. Foram identificadas no período de expansão do CIPS (2007-2014), as capacidades de: gerenciar ameaças e mitigar riscos; qualificação; renovação; e, a capacidade turística. Durante a desaceleração de investimentos no CIPS (pós 2014) foram encontradas as capacidades de aprendizagem e a de livrar-se de recursos ineficientes.

Os resultados apresentam relação significativa entre as capacidades dinâmicas e o processo de mudanças estratégicas. Foram identificadas questões que contrapõem a literatura acadêmica da área ao identificar influências relacionadas à consolidação da indústria no desenvolvimento de capacidades dinâmicas.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Ed. Revista e Ampliada. São Paulo: Edições 70 Brasil, 2011. EISENHARDT, K. M.; MARTIN, J. A. DynamicCapabilities: what are they? Strategic Management Journal, v. 21, n. 10-11, p. 1105-1121, 2000. TEECE, D. J. PISANO, G. SHUEN, A. Dynamic Capabilities and Strategic Management. Strategic Management Journal, v. 18, n. 7, p. 509-533, 1997. WILKE, E. P.; COSTA, B. K.; FREIRE, O. B. de L.; FERREIRA, M. P. Interorganizational Cooperation in Tourist Destination: building performance in the hotel industry. Tourism Management, v. 72, p. 340-351, 2019.