Resumo

Existe um desafio para que teorias expostas dentro das salas de aula façam sentido aos aprendizes. O'Brien, Dyson e Kunc (2011) comentam que algumas escolas de negócios retiraram a disciplina Pesquisa Operacional de seus currículos principais por causa do gap entre teoria/prática. Soma-se ainda o uso Matemática e Estatística, que, geralmente, impõe uma barreira natural ao aprendizado. Além de tudo isso, a pandemia da COVID-19 levou ao mundo inteiro a necessidade de adaptações visando a continuidade dos processos de ensino e aprendizagem em todos os níveis da educação.

O problema é como conduzir o processo de ensino/aprendizagem de Pesquisa Operacional de forma que: seja possível atuar remotamente, se for necessário; haja bom nível de entendimento/aproveitamento da disciplina; e desperte o interesse dos alunos para este aprendizado? O objetivo é apresentar duas abordagens para ensino remoto de Pesquisa Operacional e avaliar seus impactos em dois aspectos: a avaliação dos discentes em relação à facilidade de aprendizagem em cada uma das aulas e ao interesse despertado, bem como as notas efetivamente alcançadas com cada um dos métodos de ensino utilizados.

Gaab e Vogel (2018) destacam que as metodologias de ensino mudaram nos últimos vinte anos. Mortenson et al. (2015) chamam a atenção para uma lacuna significativa entre a demanda organizacional por funcionários com boas capacidades analíticas e o número de candidatos qualificados para tal tarefa. A Aprendizagem Baseada em Problemas pode ajudar a minimizar este gap Borisova et al. (2016) destacam que alguns experts em treinamento profissional acreditam que métodos inovadores podem ser implementados tanto no ensino presencial quanto remoto.

Este trabalho é um estudo de caso exploratório-descritivo que combina métodos quantitativos e qualitativos. Foram coletados dados primários por meio de observação estruturada e questionário. Além disso, ao final de cada atividade, os alunos deveriam responder questões relacionadas ao contexto apresentado. Tanto os dados coletados na observação estruturada quanto no questionário foram analisados por meio de estatística descritiva. A percepção do aluno em relação ao grau de dificuldade do conteúdo e seu efetivo desempenho nas atividades foram avaliados por meio de análise de conteúdo clássica.

Ao final da primeira atividade, 10 dos 24 alunos postaram as respostas solicitadas. Na segunda aula, este número subiu para 23. Quatro discentes obtiveram notas acima de 60% na primeira aula, enquanto na segunda, foram 9. A média das notas dos alunos com a primeira abordagem foi de 20%, valor que subiu para 50% com a segunda. A percepção dos alunos é de que a segunda aula foi mais fácil, o que é coerente com as melhores notas obtidas. Em relação à percepção quanto ao interesse e curiosidade dos alunos pelo assunto, não houve diferenças substanciais, considerando a primeira e a segunda aula.

Em relação à possibilidade de atuação remota, as duas abordagens apresentadas mostraram-se viáveis. As duas aulas tiveram todas as fases concluídas, desde a “pré-aula”, até o fechamento das atividades. No entanto, das duas metodologias utilizadas, a segunda mostrou maior eficiência tanto na percepção do aluno em relação à utilidade da ferramenta para auxiliar ao aprendizado quanto ao efetivo desempenho deles na atividade. No que tange à percepção dos alunos acerca do interesse e curiosidade em relação ao conteúdo apresentado, não houve diferenças substanciais nas duas aulas.

Borisova,O.V.et al.(2016).Problem of using innovative teaching methods for distance learning students. IEJME – Mathematics Education. 11(5): 1175-1184. Gaab, J.;Vogel,R.(2018).Transforming teaching through active learning: case studies from the social sciences. A National Symposium, Miami, Florida, USA. Mortenson,M.J.et al.(2015).Operational research from Taylorism to Terabytes. European Journal of Operational Research. 241(3): 583-595. O’Brien,F.A.et al.(2011). Teaching Operational Research and Strategy at Warwick Business School.INFORMS Transactions on Education. 12 (1): 4-19.