Resumo

Com a chegada da pandemia do novo Coronavírus, os consumidores adaptaram seus hábitos e principalmente comportamento de consumo de acordo com as medidas de prevenção adotadas (SHETH, 2020). Neste sentido, organizações também passaram a adaptar seus processos tanto para sua própria sobrevivência quanto para apoiar a sociedade a superar esta crise (SEETHARAMAN, 2020; SHARMA; ADHIKARY; BORAH, 2020). Contudo, a sociedade adotou o fato da empresa tomar iniciativas de RSC em relação à pandemia como um fator decisivo para o seu comportamento de compra (EDELMAN TRUST BAROMETER, 2020).

He e Harris (2020) ressaltam a importância de compreender e investigar o comportamento das empresas que priorizam as atitudes socialmente responsáveis em tempos de crise. Assim, Taylor (2020) destaca necessidade de averiguar a eficácia de apelos de RSC em prol do enfretamento da pandemia, autenticidade, bem como o ajuste entre a mensagem e a organização. Assim, o objetivo é analisar a comunicação das empresas socialmente responsáveis sobre as iniciativas de RSC em resposta à pandemia do Covid-19, além de analisar o reflexo das diferenças culturais entre Brasil e Reino Unido nesta comunicação.

Carroll (1999) enfatiza que as práticas de RSC focam em reduzir os impactos negativos sociais e fazer o bem para a sociedade. Contudo, para estimular o retorno e reconhecimento dos stakeholders em forma de comportamentos de compra, busca por emprego, permanência, bem como investimento é necessário a conscientização dos mesmos em relação às atividades de RSC realizadas pelas organizações (DU; BHATTACHARYA; SEN, 2010). Entretanto, Halkos e Skouloudis (2017) destaca a influência do fator cultural sobre o engajamento em atividades de RSC (HALKOS; SKOULOUDIS, 2017).

Foi realizada uma pesquisa descritiva por meio da análise de conteúdo com dados secundários provenientes de websites de 62 organizações de origem brasileira indexadas na ISE B3 e britânica indexadas na DJSI Europe. Neste sentido, para analisar as comunicações das empresas em seus websites foi adotado o Modelo OEEC de Siano et al. (2016). O modelo utilizado para coleta de dados nos websites consiste em 64 itens divididos em quatro categorias: orientação, estrutura, ergonomia e conteúdo.

A pesquisa conclui que a comunicação das iniciativas de RSC em resposta ao Covid-19 são tão eficazes quanto a comunicação das demais iniciativas de RSC da organização em ambos os países. Os resultados permitiram verificar o comprometimento das empresas com ambas as temáticas, mostrando que tanto as empresas brasileiras quanto as empresas britânicas demonstraram médias dentro de valores satisfatórios de atuação de seus websites, com baixo desvio padrão.

A pandemia originada pelo novo Coronavírus gerou mudanças em diversos setores da sociedade, porém o crescimento das práticas de Responsabilidade Social Corporativa não se alterou, mantendo-se em uma constante, e presente nas grandes empresas tanto do Brasil quanto da Reino Unido. Destaca-se que empresas se empenham de formas similares para abranger atividades de RSC e iniciativas relacionado ao Covid-19, justificado através da importância dada pelos stakeholders para com a participação nestas práticas (MORSING; SCHULTZ, 2006).

CARROLL, Archie B.. Corporate Social Responsibility. Business & Society, [S.L.], v. 38, n. 3, p. 268-295, set. 1999. SIANO, Alfonso et al. Communicating Sustainability: an operational model for evaluating corporate websites. Sustainability, [s.l.], v. 8, n. 9, p. 950, 21 set. 2016. VOLLERO, Agostino et al. Hoftsede's cultural dimensions and corporate social responsibility in online communication: are they independent constructs?. Corporate Social Responsibility And Environmental Management, [s.l.], v. 27, n. 1, p. 53-64, 17 maio 2019.