Resumo

Título do Artigo

AS TECNOLOGIAS DE GESTÃO COLABORATIVA NO BRASIL: SUBVERSÃO OU MODISMO?
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Palavras Chave

Teoria crítica da tecnologia
Tecnologias de gestão colaborativa
Racionalidade subversiva

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais

Autores

Nome
1 - Stella Missy Costa D'ávila
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Campus Florestal
2 - Mariana Mayumi P. de Souza
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Instituto de Ciências Humanas da UFV - Campus Florestal
3 - Naiara Alves de Pinho Braga
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Florestal

Reumo

Entendemos aqui que as tecnologias de gestão colaborativa partem da ressignificação da gestão convencional, reinventando-a a partir de valores éticos, ambientais e sociais e sendo voltada para a ideia de trabalho coletivo. Em termos práticos, isto significa que tais tecnologias não seriam aplicadas em organizações de forma superficial, visto que demandam um alinhamento valorativo, entre as práticas e os valores subjacentes, sendo portanto, apontada como uma importante saída na regeneração das organizações.
Frente a este contexto, nos deparamos com o seguinte problema de pesquisa: quais racionalidades permeiam as trajetórias de vida dos indivíduos que promovem, aplicam e ensinam as tecnologias de gestão colaborativa no Brasil? No intuito de buscar respostas para o problema de pesquisa proposto, definimos como objetivo geral da pesquisa: compreender quais racionalidades permeiam as trajetórias de vida dos indivíduos que promovem, aplicam e ensinam as tecnologias de gestão colaborativa no Brasil.
Este artigo abordou três tecnologias de gestão colaborativa: o Dragon Dreaming (CROFT, 2009), a Teoria U (SCHARMER, 2010) e a Sociocracia (BUCK; VILLINES, 2007). Os três sistemas técnicos de gestão têm em comum a ênfase central em informar a prática organizativa no sentido da busca de contextos mais dialógicos e transformadores. Em termos da teoria crítica da tecnologia, esta trata-se de um processo de racionalização subversiva, em que a racionalidade instrumental, inerente a qualquer sistema técnico, passa a ser orientada por valores e pressupostos socialmente determinados (FEENBERG, 2010).
No intuito de verificar na prática a diferenciação e a autenticidade das tecnologias de gestão colaborativa, foram realizadas 15 entrevistas semiestruturadas, com aproximadamente 90 minutos de duração de indivíduos selecionados através do método “bola de neve”, sendo a quantidade de entrevistas delineada a partir da saturação dos dados. O material coletado nas entrevistas foi analisado por meio da Análise do Discurso (AD) da corrente francesa (MAINGUENEAU, 2000) com o auxílio do software Nvivo, que ajudou a fazer buscas baseadas no texto.
Ao longo da análise foi possível conhecer um pouco mais sobre a trajetória dos indivíduos, qual é a experiência deles com a metodologia, como é a relação com sua família e amigos. Foram relacionadas as trajetórias de vida e os planos futuros com as racionalidades subjacentes e descobrir um pouco sobre os seus planos futuros no qual a maioria dos entrevistados tem a perspectiva ajudar a mudar o mundo. Além disso, na análise foi possível perceber que os entrevistados estão buscando a concretização tecnológica e a promoção das metodologias para que elas sejam mais disseminadas.
Muitos dos entrevistados veem na colaboração uma nova forma de trabalho na qual todos ganham, mudando a visão hierárquica e desigual orientada pela racionalidade instrumental, muito presente dentro de várias organizações. A grande maioria dos entrevistados possui uma trajetória de vida diferente do convencional, dedicando-se à disseminação das tecnologias, entendendo-as como um serviço a toda a sociedade. Sendo possível notar a influência predominante de racionalidades subversivas na aplicação das tecnologias de gestão colaborativa, o que parece diferenciá-las dos modismos gerenciais.
BUCK, J.; VILLINES, S. We the people: consenting to a deeper democracy. Washington, D.C.: Sociocracy.info, 2007. CROFT, J. Introdução: tornando os sonhos realidade. SIMAS, F. (Trad.), 2009. FEENBERG, A. Racionalização subversiva: tecnologia, poder e democracia. In: NEDER, R. T. (Org.) Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia. Brasília: 2010. v. 1, n. 3, 2010. p. 68-104. MAINGUENEAU, D. Termos-chave da análise do discurso. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. SCHARMER, O. Teoria U: como liderar pela percepção e realização do futuro emergente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.