Resumo

Nas últimas décadas, as questões alimentares passaram a ser tema de preocupação e discussão no mundo todo. Segundo a Vegan Society (2018), a alimentação vegana foi uma tendência importante em 2018 e 2019. No Brasil, uma pesquisa feita em 2018 pelo Ibope apontou que o país alcançou mais de 29 milhões de adeptos de dietas vegetarianas. Embora este aumento seja consistente e visível, por outro lado há um movimento de pessoas que se denominam vegetarianas e veganas que deixam esse estilo de vida e retomam o consumo de produtos de origem animal.

Tem-se como questionamento norteador da pesquisa: por quais razões as pessoas vegetarianas e veganas retomam o consumo de produtos de origem animal? O objetivo da pesquisa é compreender as principais mudanças percebidas pelas pessoas quando optam pelo semivegetarianismo, vegetarianismo e veganismo e porque algumas pessoas retomam o consumo de produtos de origem animal.

Inicialmente, buscou-se descrever as diferenças entre os estilos semivegetariano, vegetariano e vegano. Em seguida, apresentou-se brevemente as características de consumo desses grupos e as principais mudanças que acontecem na vida das pessoas que optam por esses estilos de vida.

Trabalho de abordagem qualitativa, e descritiva quanto aos objetivos. Foram realizadas 42 entrevistas semiestruturadas em 2019, com consumidores que se autodeclaravam semivegetarianos, vegetarianos e veganos. Usou-se da técnica de “bola de neve” para chegar aos participantes, e a quantidade de entrevistas se deu pelo critério da “saturação teórica”. Os dados foram analisados pelos preceitos da Análise de Conteúdo, de Bardin (2016), com uso do Software Nvivo.

Sete pontos são preponderantes sobre as mudanças em seus hábitos alimentares e de consumo: descoberta de outras opções alimentares, cozinhar com mais frequência, busca pela alimentação saudável e melhoria da saúde, convívio social, ler e analisar rótulos, expansão da consciência e questões ambientais. As razões que levam as pessoas a deixarem o vegetarianismo ou veganismo são: pressão social, cultura, recomendação médica, dificuldade de acesso aos produtos, dificuldade em deixa de consumir algo, falta de ideal, falta de tempo, condição financeira, falta de preparo e questões afetivas.

Os resultados encontrados podem ser tratados por empresas e organização do ramo vegetariano, visando deixar o cotidiano de pessoas que seguem dietas vegetarianas mais prático e com informações compreensíveis. Ademais, o mercado vegetariano pode inspirar nessas informações para proporcionar outras opções de consumo vegetariano e vegano, com produtos para todos os grupos de consumidores, e oferecer uma experiência mais acessível financeiramente e agradável ao paladar.

BEARDSWORTH, A.; KEIL, T. “The vegetarian option: varieties, conversion, motives and careers”. The Sociological Review, 40 (2): 253-293, 1992. BIRCHAL, R. A. M. da C. et al. The Value And The Sacrifice Perceived By Vegetarian Food Consumers. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v. 12, n. 1, p. 1-17, 2018. MOREIRA, I. P. C.; ACEVEDO, C. R. Resistance to consumption and veganism: a study about motivations, values, and feelings. Revista Gestão & Tecnologia, v. 15, n. 2, p. 50-67, 2015.