Resumo

Título do Artigo

IDENTIDADE PROFISSIONAL DE RESIDENTES MÉDICOS
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

Identidade profissional
Residência
Médico

Área

Administração Pública

Tema

Gestão em Saúde

Autores

Nome
1 - Adriane Vieira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Escola de Enfermagem
2 - Fabiana Maria Kakehasi
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Faculdade de Medicina
3 - Karla Rona da Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Escola de Enfermagem
4 - Selme Silqueira de Mattos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - ESCOLA DE ENFEMAGEM

Reumo

A residência médica é um tipo de educação em nível de pós-graduação lato sensu, realizada em instituições de saúde. Esse período de formação é vital para a continuidade do processo de construção da identidade profissional. O processo de construção da identidade coletiva acontece quando um grupo de indivíduos, em um determinado contexto histórico, apresenta características que o marcam como idêntico a si mesmo e diferente de outros. A construção da identidade é resultante, portanto, do confronto entre a atribuição da identidades para si (autopercepção) e para o outro (heteropercepção).
O problema que deu origem ao estudo foi: quais são as diferenças entre a auto e heteropercepção profissional de residentes em medicina? O objetivo da pesquisa consistiu em analisar a relação entre auto e heteropercepção dos residentes médicos. Neste estudo buscou-se, por meio de adjetivos, identificar quais são os atributos que mais bem caracterizam a profissão médica, aquilo que é próprio, peculiar e distintivo da categoria, fazendo os residentes refletirem sobre a percepção que têm de sua profissão, e sobre como acreditam que ela é vista pelos outros, denominados na EAHP de sociedade.
Para Dubar (2006) a ‘identidade para si’ (autopercepção) e a ‘identidade para o outro’ (heteropercepção) são inseparáveis e problemáticas, dado que a experiência do ‘outro’ nunca é vivida diretamente pelo ‘eu’, tornando a comunicação indispensável para informar sobre a identidade que o ‘outro’ nos atribui. O campo de ação profissional é um dos locais onde esta comunicação acontece. A internalização de valores, normas e atributos acontece ao longo do processo de construção das identidades, resultando em um pensar, agir e sentir como médico (Sims, 2011).
O método de investigação escolhido foi o estudo transversal por meio de levantamento (survey). O instrumento de coleta de dados utilizado foi a Escala de Auto e Heteropercepção (EAHP). Participaram da pesquisa 295 médicos residentes de três hospitais de ensino localizados na Grande Belo Horizonte, um de natureza privada, um público estatual e um público federal. A análise estatística envolveu análise dos outliers, verificação da linearidade dos dados e análise descritiva dos itens da escala, por meio da média e desvio padrão e cálculo dos intervalos de confiança das médias.
O construto Esforço recebeu as maiores médias na autopercepção, e o atributo Produtiva ficou em primeiro lugar, seguido de Desgastante, Trabalhadora e Árdua. Os residentes acreditam que a sociedade concede à profissão mais Prestígio e Renome do que eles próprios. O construto Realização apresentou médias baixas em autopercepção, o que alerta para uma dedicação excessiva ao trabalho. De acordo com a literatura, devido às cobranças internas e externas a residência pode ser comparada a um teste de resistência, e despertar quadros de ansiedade e distúrbios emocionais (Zikic & Richardson, 2016).
A Escala de Auto e Heteropercepção (EAHP) se mostrou útil e os atributos identificados por meio da pesquisa encontraram correspondência na literatura especializada. Apesar de se sentirem respeitados e admirados pela sociedade, os residentes se ressentem da perda de prestígio social da profissão, na comparação com um passado recente, e de falta de humanização dos profissionais na relação com seus pacientes. Considera-se que essas análises merecem ser exploradas por meio de novas pesquisas, em especial as de cunho qualitativo, inclusive para explicar as médias mais baixas do hospital privado.
Afrontamento. Sims, D. (2011). Reconstructing professional identity for professional and interprofessional practice: A mixed methods study of joint training programmes in learning disability nursing and social work. Journal of Interprofessional Care, 25, 265-271. Zikic, J., & Richardson, J. (2016). What happens when you can’t be who you are: Professional identity at the institutional periphery. Human relations, 69(1), 139-168.