1 - Susana Sales da Silva Campos Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Administração Geral
2 - Claudio Antonio Pinheiro Machado Filho Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Departamento de Administração
3 - Raquel Sales Costa Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Controladoria e Contabilidade
4 - Lucas dos Santos Costa Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA-FEA-USP)
Reumo
Esta pesquisa relaciona dois grandes temas do campo dos estudos corporativos:
empresas familiares e governança corporativa, com o objetivo de analisar a contribuição dos
conselheiros externos para a governança de empresas de controle familiar, dependendo do ciclo
geracional em que estas se encontram. Para isso, é utilizada uma abordagem multi-teórica com a
combinação da Teoria da Agência (Jensen & Meckling, 1796), a Visão Baseada em Recursos
(Barney, 1991) e Teoria da Dependência de Recursos (Pfeffer & Salancik, 1978).
Em empresas em que há a separação entre propriedade e gestão, o conselho de administração é o principal dispositivo de controle usado pelos acionistas para monitorar comportamentos oportunistas dos gestores (Fama & Jensen, 1983). Assim, a presença de conselheiros externos é essencial para que os conselhos desempenhem de forma efetiva seu papel de controle (Fama & Jensen, 1983; Zahra & Pearce, 1989). Mas e em empresas familiares em que proprietários, diretores e executivos geralmente são o mesmo indivíduo ou indivíduos da mesma família? Qual a contribuição do conselheiro externo?
Este trabalho utiliza três teorias como base. a Teoria da Agência é utilizada para fundamentar as atividades dos coelheiros externos relacionadas ao agency. As atividades de provisão de recursos e serviços são fundamentadas pela Teoria de Dependência de Recursos e Visão Baseada em Recursos. Além disso, as empresas familiares são entendidas pelo modelo dos três círculos proposto por Tagiuri e Davis (1996).
Por meio de um questionário, esse estudo coletou dados de 121 conselheiros externos que
atuam em empresas familiares. Utilizando a técnica de regressão quantílica e regressão por mínimos quadrados ordinários, analisamos a relação entre a importância das tarefas realizadas pelos conselheiros externos e a geração que se encontra à frente do negócio.
Os resultados mostram que as atividades relacionadas à provisão de
recursos e serviços são cada vez menos importantes de serem desempenhadas pelos conselheiros
externos à medida que as gerações avançam. Isso porque, empresas familiares nas primeiras
gerações acabam acumulando conhecimentos e relacionamentos, fazendo desses recursos mais
acessíveis para as próximas gerações (Klein et al., 2005; Miller & Le-Breton Miller, 2006).
De maneira geral, as necessidades das empresas familiares estão mais relacionadas à provisão de recursos e serviços do que às questões de agência, os quais não se mostraram conclusivos.
Para a provisão de recursos e serviços, os resultados mostram que a provisão de conhecimento complementar é cada vez menos desempenhada por conselheiros externos de empresas familiares, na presença de investidores de fora da família (Bammens et al., 2008; Van den Heuvel et al., 2006).
Bammens, Y., Voordeckers, W., & Van Gils, A. (2008). Boards of directors in family firms: A
generational perspective. Small Business Economics , 31 (2), 163-180.
García-Ramos, R., Díaz-Díaz, B., & García-Olalla, M. (2017). Independent directors, large
shareholders and firm performance: the generational stage of family businesses and the
socioemotional wealth approach. Review of Managerial Science , 11 (1), 119-156.
Van den Heuvel, J., Van Gils, A., & Voordeckers, W. (2006). Board roles in small and
medium-sized family businesses: Performance and importance.