Resumo

O mercado externo que antes era visto como um destino do excedente de produção, com o passar dos anos ganhou relevância no faturamento das empresas. Apesar disso, e da relevância do agronegócio para economia, a internacionalização de empresas brasileiras ligadas ao agronegócio é um fenômeno recente. Existindo certa carência de pesquisas teóricas e empíricas sobre o assunto. Dessa forma, mais pesquisas podem ajudar na formulação de estratégias empresariais, bem como estimular outros estudos sobre o tema.

De que forma se dá o processo de internacionalização de empresas brasileiras do agronegócio e como empresas de outras nacionalidades passaram a atuar no setor agrícola brasileiro? Dessa forma, o objetivo desse artigo é analisar como ocorre a internacionalização de empresas brasileiras do agronegócio ao exterior e, no sentido inverso, como empresas internacionais passaram a atuar no setor agrícola brasileiro nos últimos anos.

O referencial teórico inicia com uma breve caracterização do agronegócio brasileiro. Trata de sua importância para a economia e apresenta dados sobre o setor. Em seguida versa sobre estratégias de internacionalização, de acordo com a visão de Porter (1993). Para em sequência aprofundar a configuração e coordenação global. Também aborda a inovação trazendo seu conceito, classificação, tipos e barreiras. Por fim, enfoca a gestão do conhecimento.

A abordagem de pesquisa é qualitativa, classificando-se como um estudo de caso (estudo de múltiplos casos). Primeiramente procedeu-se a observação, depois a elaboração do problema de pesquisa, a coleta de dados em livros, artigos, sites governamentais. Em seguida realizaram-se as entrevistas, em fins de 2018. Participaram empresas inseridas no agronegócio, com atividades no mercado externo, sendo duas empresas brasileiras e duas estrangeiras. Para a análise dos dados foi usada a análise interpretativista, seguida da discussão dos resultados e da elaboração das conclusões.

Os resultados foram apresentados nas seguintes subdivisões: caracterização das empresas pesquisadas, estratégia internacional e a transferência do conhecimento, dimensão organizacional e a transferência do conhecimento, dimensão tecnológica e a transferência do conhecimento. A partir dessa análise, foi possível verificar que a atuação das empresas brasileiras estudadas, nos mercados externos é mais recente do que a atuação das empresas estrangeiras estudadas, no Brasil. Do mesmo modo, no que se refere a inovações radicais, as empresas estrangeiras são mais inovadoras.

Com o presente estudo, foram evidenciadas as diferenças entre a internacionalização de empresas brasileiras e estrangeiras do agronegócio. O recente processo de entrada no mercado externo por empresas brasileiras, se comparadas com as estrangeiras mostrou-se alinhado com os apontamentos da literatura. As estratégias de internacionalização das empresas brasileiras mostraram-se semelhantes com as estrangeiras. No quesito inovação houve semelhanças entre todas as empresas, no entanto as estrangeiras são mais inovadoras, quanto se trata de inovações radicais.

PORTER, Michael. A vantagem competitiva das nações. Tradução Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Campus, 1993. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.3 ed. São Paulo: Atlas,1991. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. MARIOTTI, Danilo Castanha et al. A Baixa Internacionalização das Empresas Brasileiras: Uma Análise das Principais Barreiras Institucionais. Revista de Administração, Sociedade e Inovação, v. 4, n. 2, p. 112-126, 2018. Disponível em: https://www.rasi.vr.uff.br/index.php/rasi/article/view/178> Acesso em: 20 jun. 2020