Resumo

Nas últimas décadas, o interesse acadêmico pelas micro e pequenas empresas (MPE) têm crescido e tornado o tema um amplo campo de estudo, com a criação de jornais específicos, mudança dos currículos acadêmicos das universidades e o crescimento de eventos e conferências sobre a temática. Nesse contexto, há que destacar o conselho mais amplamente dispensado aos futuros empresários: escrever um plano de negócios antes de lançar seus empreendimentos.

Existem barreiras para a abertura e crescimento das MPE devido às restrições financeiras e não financeiras. As restrições financeiras incluem a falta de financiamento monetário e altos valores para abrir e manter um negócio. Restrições não financeiras incluem capital humano, social, gerencial e recursos materiais. A literatura se concentra nas restrições de capital financeiro. No entanto, o capital financeiro sozinho não pode explicar a totalidade do crescimento das MPE. A falta de capital gerencial é uma restrição de primeira ordem para o crescimento das MPE.

É necessário incentivo e apoio para as MPE, pois as mesmas constituem-se importantes instrumentos de promoção do desenvolvimento socioeconômico. O plano de negócio é considerado valoroso para as MPE e seus efeitos positivos foram tomados como certo, embora poucos estudos o tenham analisado criticamente.

Identificar fatores antecedentes, necessidade de apoio e consequências da formalização e implementação de planos de negócios pelas micro e pequenas empresas. Para tal, são utilizadas como suporte as Teorias Institucional e das Restrições. A primeira auxilia no entendimento das pressões que levam as MPE a desenvolverem planos de negócios e a segunda no entendimento da falta de recursos (no sentido amplo: financeiros, físicos e de competências) que inibem o processo de planejamento das MPE e as faz buscar ou não o suporte de terceiros.

O estudo identifica que há pressões institucionais coercitivas e normativas no processo de formalização do plano de negócios, que há necessidade do apoio de terceiros para superar restrições na elaboração e na implementação dos planos de negócios e que há percepção de que planos de negócios implementados produzem efeito positivo sobre a sobrevivência e a lucratividade de micro e pequenas empresas. Além disso, foi constatado que gênero, anos de escolaridade, formação em administração/negócios dos gestores, bem como o porte da empresa, influenciam na implementação dos planos de negócios.

O estudo contribui para o entendimento da efetividade dos planos de negócios para as micro e pequenas empresas e, embora utilizando amostra originada de contatos de um órgão de fomento específico, o modelo proposto e os resultados encontrados podem ser utilizados de uma forma mais ampla, em âmbito nacional.