Resumo

Título do Artigo

Microcenários prospectivos para gestão de crise pandêmica: arcabouço para articulação regional, mitigação de riscos e contenção de crises
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

Crise Pandêmica
Relação Governo-Sociedade
Cenários e Estratégia

Área

Artigos Aplicados

Tema

COVID-19 em Artigos Aplicados

Autores

Nome
1 - Luiz Flávio Arreguy Maia Filho
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE) - Departamento de Economia
2 - Rita de Cássia Carvalho Maia
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE) - Departamento de Medicina Veterinária

Reumo

Pouco antes de ser exonerado, o ex-Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta elencou publicamente uma série de aspectos que revelavam a natureza da atual crise pandêmica. Contudo, faltavam ao quadro elementos essenciais para uma estratégia robusta de enfrentamento a epidemias no Brasil. Em particular, mereceria destaque um desafio concreto: a necessidade de gestão regionalmente articulada, envolvendo equipes interdisciplinares e multissetoriais, para evitar a recorrência de crises locais assíncronas – especialmente em um país de desigualdades e dimensões continentais (OCDE, 2020).
Sem vacina ou medicamentos eficazes, e com tantos portadores assintomáticos, a pandemia de Coronavírus constitui desafio singular de política pública: as intervenções convencionais tendem a ser pouco efetivas, ao mesmo tempo em que graus maiores de cooperação interinstitucional e multidisciplinar são exigidos (SUN, ET AL., 2020). Mesmo em locais onde a transmissão comunitária do Coronavírus foi interrompida, o alto risco de sua reintrodução tem demandado monitoramento contínuo com vistas a adoção equilibrada de medidas econômicas e de saúde pública (Leung, Wu, Liu & Leung., 2020).
O status da articulação regional de políticas de saúde no Brasil é preocupante: ela registra tanto padrões conflitivos de governança como a necessidade de incorporação, às suas rotinas, de arcabouços que favoreçam maior interação com instituições educacionais e deem maior permeabilidade à formulação de políticas para demandas sociais (SANTOS e GIOVANELLA, 2014). Além disso, não se deve tratar as populações como realidades passivas de políticas antiepidêmicas: o grau de engajamento dos membros de uma comunidade é essencial na superação de crises dessa natureza (OMS, 2018).
Com vistas a uma melhor gestão articulada da crise pandêmica, o artigo propõe modelo-base de microcenários, relativamente simples e preliminarmente validado, para eventuais adaptações em realidades regionais específicas. Embora tipicamente associadas ao planejamento de longo prazo, as técnicas de cenários têm sido efetivas no desenho de ações estratégica de curto prazo, a partir de “cenários-plataforma”: arcabouços comuns, adaptáveis, para favorecer o alinhamento estratégico de organizações semelhantes ou de atuação articulada (Marren & Kennedy, 2010).
O artigo reuniu e validou um conjunto de elementos indispensáveis à construção de estratégias com base em cenários: as tendências-básicas e as incertezas-chave no funcionamento do sistema; o diagrama de interações, focado na composição de riscos; três cenários alternativos, sintetizando panoramas plausíveis (prováveis) para diferentes realidades regionais brasileiras - e, possivelmente, internacionais.
O uso de cenários é reconhecido por favorecer discussões interdisciplinares, onde ocorrem diferenças entre opiniões meritórias (Schoemaker, 1995); assim, é natural esperar que o uso do instrumental desenvolvido favoreça a gestão dialógica e participativa, envolvendo equipes desafiadas pelo contexto atual a ampliarem suas habilidades analíticas, revisarem certos modelos mentais e construírem inteligência coletiva.