Resumo

Título do Artigo

ENTRANDO NO “CLUBE DO BOLINHA” E FAZENDO DO “LIMÃO UMA LIMONADA”: ESTUDO SOBRE A PARTICIPAÇÃO DE MULHERES EM CONSELHOS DE EMPRESAS LISTADAS NA B³
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Palavras Chave

Guetos Profissionais
Governança Corporativa
Teto de Vidro

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Pedro Favarini Aires de Lima
Centro Universitário UNIHORIZONTES - Santo Agostinho I
2 - Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo
Centro Universitário UNIHORIZONTES - SANTO AGOSTINHO
3 - FERNANDA VERSIANI
Centro Universitário UNIHORIZONTES - Santo Agostinho

Reumo

Os conselhos de administração e conselhos de direção de empresas brasileiras listadas na Brasil, Bolsa, Balcão (B³), podem ser considerados como um “tipo de trabalho” masculino, visto que ainda há um baixo número de mulheres em sua ocupação (IBGC, 2011), tendo somente 10,8% das mulheres ocupando cargos nos conselhos. Esse fato mostra que ainda existem barreiras sutis e invisíveis, denominado como “teto de vidro” que dificultam uma maior participação das mulheres nestes cargos (LORTIE; CASTROGIOVANNI; COX, 2017).
Considerando as barreiras existentes na trajetória profissional das mulheres para alcançarem cargos mais altos, quais são as barreiras e as oportunidades enfrentadas pelas mulheres que participam dos conselhos de administração e dos conselhos de direção de empresas que se enquadram no Nível 1 e Nível 2 de governança corporativa? Objetivo: Descrever e analisar a participação da mulher nos conselhos de administração e conselhos de direção de empresas que se enquadram no Nível 1 e Nível 2 de governança corporativa, além de relatar suas experiências profissionais, as barreiras e as oportunidades.
As boas práticas de governança corporativa consistem em promover maior equidade; transparência; responsabilidade e solução de conflitos entre proprietários e acionistas. Estas, por sua vez, estão associadas a “tipos de trabalho” masculinos, concepção da divisão sexual do trabalho, excluindo as mulheres de exercerem suas atividades em guetos profissionais considerados “masculinos” (HIRATA; KERGOAT, 2007). Mas, ao conseguirem inserir neste gueto, as mulheres deparam com as barreiras invisíveis (teto de vidro) que é mais uma forma de excluir as mulheres da alta gestão (BERTRAND, 2017).
A pesquisa é qualitativa descritiva. Primeiramente, descreve-se a participação das mulheres por meio de análise de dados secundários coletados no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em um segundo momento, foi realizado treze entrevistas semiestruturadas, a fim de analisar a percepção das mulheres que ocupam cargos em conselhos de administração e conselhos de direção de empresas listadas na Brasil, Bolsa, Balcão (B³). A análise de conteúdo se deu por meio das categorias emergidas dos dados: Entrando no “Clube do Bolinha” e “Fazendo do limão uma limonada”: barreiras x aprendizados.
A participação das mulheres ainda é pouco significativa neste “tipo de trabalho”, devido à formação de barreiras invisíveis (teto de vidro) como: “as mulheres não têm perfil para conselho”. Os principais desafios são: fazer parte do network para conseguir entrar no “Clube do Bolinha” e se manter na função; ser ouvidas pelos homens e ter que se adaptar aos conselhos, modificando alguns comportamentos como “ser mais cascuda”. São capazes de fazer “do limão uma limonada”, por serem mais destemidas e pelas competências: capacidade de reflexão, respeito humano e controle do tempo.
Os dados reforçam a existência do fenômeno teto de vidro nas empresas listadas na B³ e que ainda há barreiras a serem rompidas no âmbito da governança corporativa, que ainda é predominantemente masculino. Acredita-se na necessidade das mulheres indicarem outras mulheres para os conselhos e, assim, aumentar o network e a possibilidade de romper o “clube do bolinha”. A maior participação das mulheres pode trazer oportunidades para a melhoria da governança corporativa pelas características da autocrítica e de “jogo de cintura” para conduzir situações de conflitos.
Bertrand, M. The Glass Ceiling. Becker Friedman Institute. Research in Economics Working Paper, n. 2018, v. 38, 2017. LORTIE, J. L.; CASTROGIOVANNI, G. J.; COX, K. C. Gender, social salience, and social performance: how women pursue and perform in social ventures. Entrepreneurship & Regional Development, v.29, n.1, p. 153-173. 2017. HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de pesquisa, v. 37, n. 132, p. 595-609, set/dez 2007.