Resumo

O ano de 2020, marcado por um cenário delicado em diversas áreas devido à Pandemia de Coronavírus (COVID-19), trouxe mudanças aos hábitos da sociedade. Em função disso, para combater o vírus algumas medidas foram adotadas, interferindo assim no comportamento das pessoas, especialmente com a exigência do isolamento social, medida não farmacológica para controlar o contágio pelo Coronavírus. Para manter as atividades letivas a Universidade Federal de Santa Maria iniciou o Regime de Exercícios Domiciliares, trazendo aos discentes e docentes dos cursos presenciais um novo formato de ensino.

Este estudo avalia a percepção de estudantes universitários sobre o efeito do isolamento social, da mudança para o ensino remoto e se houve alteração na satisfação global de vida. A pesquisa propõe-se a investigar como os alunos se sentiram diante dessas mudanças, o quanto o isolamento social impactou em sua vida e qual a percepção destes sobre as condições do ensino remoto, tanto em relação a aproveitamento das aulas quanto em condições de estrutura (portal, estrutura física oferecida, etc).

O artigo apoia-se em três conceitos principais. Isolamento social: interrupção de reuniões e eventos com aglomerações, fechamento de escolas e restrição em locais de trabalho, isolamento de famílias, vilas ou cidades. Ensino remoto: medida emergencial e temporária, onde mantém-se o cronograma de atividades presenciais vigentes, a serem adaptadas à realização através de plataformas digitais disponíveis (ALVES, 2020). Satisfação Global de Vida (SGV): considera critérios próprios individuais para a vida como um todo e em áreas específicas e momentos distintos (CAMPARA, VIEIRA E POTRICH, 2017).

Foi realizada survey online com alunos ativos e regularmente vinculados nos cursos presenciais da UFSM. Questionário composto por 3 dimensões: Percepções sobre Isolamento Social (escala tipo Likert de 1-discordo totalmente a 5-concordo totalmente), Percepções sobre Ensino Remoto (escala tipo Likert de 1-totalmente inadequada a 5-concordo adequada) e nível de Satisfação Global com a Vida (Escala de 0 a 10). As respostas foram analisadas com a estatística descritiva, análise fatorial exploratória e regressão linear.

Os principais resultados indicam que os estudantes: praticam o isolamento social e saem de casa apenas para comprar produtos essenciais; Confiam na eficácia do isolamento para controlar a disseminação do vírus; Percebem queda na produtividade, alterações de humor, sentimentos de angústia e ansiedade, refletindo na SGV, que reduziu em relação ao período anterior a pandemia. A maioria avalia positivamente os esforços para manutenção das atividades via ensino remoto. As medidas adotadas refletem positivamente na SGV, enquanto os sentimentos causados por elas refletem negativamente.

As mudanças geradas pela pandemia trazem também desafios emocionais. No caso da UFSM, o ensino remoto mesmo com alguns desafios parece estar contribuindo para manter aspectos da satisfação global de vida inalterados. Observa-se que há influência positiva do isolamento social na satisfação global de vida, pois acredita-se em sua eficácia. Ressalta-se também, que fatores associados à questões psicológicas podem interferir negativamente na Satisfação Global de Vida, ainda que o impacto seja relativamente amenizado pela capacidade de adaptação e domínio da tecnologia.

ALVES, Lynn. EDUCAÇÃO REMOTA: ENTRE A ILUSÃO E A REALIDADE. Interfaces Científicas-Educação, v. 8, n. 3, p. 348-365, 2020. Disponível em < https://periodicos.set.edu.br/index.php/educacao/article/view/9251> Acesso em de 17 julho de 2020. CAMPARA, Jéssica Pulino; VIEIRA, Kelmara Mendes; POTRICH, Ani Caroline Grigion. Satisfação geral com a vida e bem-estar financeiro: revelando as percepções dos beneficiários do Programa Bolsa Família. RAP: Revista Brasileira de Administração Pública, v. 51, n. 2, 2017.