Resumo

As Instituições de Ensino Superior (IES) passam por avaliações contínuas que lhe conferem legitimidade e prestígio na academia. Embora seja uma prática antiga nos Estados Unidos, apenas há algum tempo o tema vem ganhando força em outras regiões. No Brasil, a avaliação das IES e dos programas é realizada pela CAPES, responsável por credenciar/descredenciar programas stricto sensu (conferindo-lhes ou não legitimidade) e de avaliá-los periodicamente (proporcionando-lhes prestígio). O programa que consta no sistema de avaliação da CAPES passa a ter um ‘selo de qualidade’ (Maccari et al., 2014).

Partindo do pressuposto de que a posição ocupada pelo programa na classificação da CAPES indica o seu desempenho, este estudo busca responder a seguinte questão de pesquisa: Qual foi o desempenho dos programas stricto sensu nas duas últimas avaliações realizadas pela CAPES? Assim, o objetivo associado a essa questão é identificar o desempenho dos programas stricto sensu nas duas últimas avaliações realizadas pela CAPES.

No Brasil, cabe à CAPES o credenciamento, descredenciamento e acompanhamento dos programas stricto sensu mediante avaliações periódicas (Belfort et al., 2015). Desde sua fundação ela vem aprimorando o processo avaliativo aliando mecanismos mais efetivos de controle de qualidade e aprofundando sua relação com a academia (CAPES, 2018a). No final dos anos 90, passou a seguir padrões internacionais de qualidade no processo avaliativo e as notas passaram a ser atribuídas aos programas (Maccari, Martins, & Almeida, 2015). Em 2013 a periodicidade da avaliação passou de trienal para ser quadrienal.

Baseado em pesquisa descritiva (dados coletados e tratados por meio de estatísticas descritivas), este estudo foi ancorado em dados secundários e documentos/registros coletados junto à CAPES, dados esses de domínio público e disponíveis na página da mencionada instituição. Trata-se de um estudo longitudinal realizado em dois períodos distintos (Trienal 2013 e Quadrienal 2017). Por meio do software SPSS, foram realizadas análises de Teste t e de agrupamentos. Ao todo foram 171 programas analisados (59 mestrados acadêmicos, 72 mestrados profissionais, 36 doutorados e 4 mestrados/doutorados).

Dos 171 programas da amostra, 52% obtiveram uma nota maior na avaliação Quadrienal 2014-2017 do que na Trienal 2013. Os programas de IES privadas representaram 46,2% e os de públicas 53,8% da amostra. Mais de 50% destes programas obtiveram melhor classificação na Quadrienal, indicando que o status jurídico da IES não interfere em sua avaliação. A análise de agrupamentos resultou em 11 grupos de programas, sendo que os grupos 1 (21 mestrados e doutorados acadêmicos de IES públicas) e 7 (21 mestrados profissionais de IES privadas), em sua maioria, apresentaram melhor classificação na Quadrienal.

Os resultados do estudo fornecem subsídios para se acreditar que é possível encontrar o melhor conjunto de características para obter uma maior nota junto a CAPES considerando as variáveis status da avaliação, modalidade do programa, nível do programa, status jurídico da IES e região do país na qual o programa está localizado. A análise de agrupamentos resultou em 11 grupos com características específicas e que tendem a refletir na variação da nota do programa de uma avaliação para outra. O nível dos programas de pós-graduação stricto sensu ofertados têm relação com o desempenho do programa.

CAPES (2018a). História e Missão. Acesso em 08/02/2018. Disponível em: http://www.capes.gov.br/historia-e-missao Maccari et al. (2015). Comparativo entre os sistemas de avaliação da Association to Advance Collegiate Schools of Business(Estados Unidos) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior(Brasil) e o seu uso pelos coordenadores dos programas. RBGP,12(27),39-66. McCormick (2008). The complex interplay between classification and ranking of colleges and universities: should the Berlin Principles apply equally to classification?Higher Education in Europe,33(2-3),209-218.