Resumo

A pandemia mundial motivada pelo vírus Covid-19 desmoronou todo o processo educacional vigente, foi necessário reinventa-lo, novas práticas metodológicas foram construídas, metodologias de aulas foram implantadas. As aulas presenciais cederam espaço ao cenário digital de ensino remoto para atender os alunos em todos os níveis. Especificamente, este trabalho aborda esse cenário na gestão da educação básica. O estudo se justifica pela necessidade de compreender a percepção dos profissionais da Educação Básica neste cenário de incertezas a partir das teorias de Pierre Bourdieu.

O problema de pesquisa é: Qual é a percepção dos profissionais da Educação Básica, sobre o ensino remoto advindo da crise sanitária em MG? O objetivo geral do estudo foi realizar um diagnóstico sobre percepção dos profissionais da educação básica, pública e privada, sobre as percepções acerca do trabalho vigente e das demandas advindas da crise sanitária, especificamente no que concerne ao teletrabalho.

O termo teletrabalho possui definições variadas. Alguns pesquisadores o descrevem com base em algumas variáveis, como: localidade do teletrabalho; se é de tempo integral ou parcial; assalariado ou não; quais os conteúdos do teletrabalho executado (ROCHA; AMADOR, 2018). Considera-se a escola um campo, pois, segundo Bourdieu, “campo é um microcosmo social dotado de certa autonomia, com leis e regras específicas, ao mesmo tempo em que influenciado e relacionado a um espaço social mais amplo” (PEREIRA, 2015, p. 341), onde os agentes atuam buscando manter, alcançar ou modificar posições.

O presente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa, de amostragem não-probabilística e por conveniência (MATTAR, 1996; CRESWELL, 2007). A mesma foi aplicada com profissionais da educação de escolas de educação básica de Minas Gerais, tanto privadas quanto públicas tendo a predominância de respostas de docentes e gestores como será possível averiguar na descrição do objeto de pesquisa. O questionário no Google Forms, apresentou 62 questões, embasadas pelo referencial teórico da pesquisa “Diagnóstico de qualidade de vida no trabalho em escolas de educação básica".

As respostas de escolas particulares e públicas exprimiram sentimentos voltados para a solidão, ausência de contato físico humano, distanciamento social, individualismo, solidão, falta de contato afetivo, de diálogo, saudosismos, impostos pelo isolamento social estabelecido em decretos e medidas provisórias como a de nº 934 (BRASIL, 2020a). Na visão de educadores de escolas públicas, nem todos seus alunos tem acesso à meios eletrônicos e internet devido à desigualdade socioeconômica, pobreza, defasagem cultural. Faz-se necessário criar estratégias para minimizar a reprodução das desigualdades.

O presente estudo, evidenciou a relação das desigualdades educacionais devido a realidade social que permeia o campo educacional e como, a sociedade acaba por reproduzir esta desigualdade, fato percebido nas respostas pessimistas dos profissionais da educação frente ao modelo de ensino que poderia oferecer oportunidades de ascensão para os alunos que não podem, no momento, frequentar escolas presencialmente. Concluiu-se, também, que o ensino remoto, precisa ser estudado na perspectiva da percepção dos alunos e das estratégias adotadas pelos gestores para diminuir as desigualdades educacionais.

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. LEITE, A. L.; LEMOS, D. da C.; SCHNEIDER, W. A. Teletrabalho: uma revisão integrativa da literatura internacional. Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v. 17, n. 3, p. 186-209, 20 dez. 2019 OLIVEIRA, Leonardo; JUNIOR, Eloy. (2018). A educação a distância, o teletrabalho e o direito: os profissionais da docência na educação virtual. Revista Univap. São José dos Campos – SP-Brasil, v. 24, n. 45, Edição especial, 2018.