Resumo

O mundo está imerso em um cenário instável, competitivo e passando por mudanças cada vez mais velozes. Diante disso, as organizações estão em busca de modelos de gestão que favoreçam a busca, seleção e implementação de inovações como forma de se manterem vivas e relevantes na disputa por um market share. Inovar consiste em criar algo novo que tenha relevância para o mercado e, nesse quesito, as cervejarias artesanais vieram para movimentar o até então tradicional e consideravelmente estável mercado cervejeiro.

As cervejas artesanais, produzidas normalmente por microempresas aqui no Brasil, têm conquistando cada vez mais espaço no mercado das cervejas. Ao redor do mundo, assim como em nosso país, o setor cervejeiro se destacou bastante nas últimas décadas como algo relativamente estável e dominado por grandes empresas, mas essa estabilidade vem sofrendo abalos consideráveis com o aumento do consumo das cervejas artesanais. Em Pernambuco, por exemplo, 30 cervejarias artesanais estão registradas, segundo os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2020).

As cervejarias artesanais de Pernambuco estão em alta, tanto por estarem conquistando o público apreciador da bebida, como por estarem despertando o interesse de empresas como a consultoria Dimer&Fialho Consulting (primeira consultoria especializada no mercado cervejeiro do Brasil). Essa empresa tem entre seus objetivos transformar Pernambucano em um polo de cerveja artesanal para atender às regiões Norte-Nordeste e intermediar negociações entre fornecedores de equipamentos cervejeiros e de matéria-prima atendendo as cervejarias artesanais em busca de preços mais acessíveis para sua produção.

Realizar um estudo de múltiplos casos envolvendo as duas principais cervejarias artesanais de Pernambuco (Ekaüt e Debron), levando se em conta os seguintes pontos: terem sido as primeiras a surgirem, não serem ciganas e se destacarem no mercado como por exemplo por terem sido premiadas. Com o objetivo de compreender o processo de gestão da inovação nas cervejarias artesanais do Estado de Pernambuco, do ponto de vista do setor estratégico das empresas, por meio do modelo de Tidd e Bessant (2015), o qual é baseado nas etapas de busca, seleção, implementação e captura de valor das inovações.

Na etapa de busca, as fontes de incongruência no ambiente interno e as do ambiente externo relativas a dados de mercado se destacaram. Na seleção, após identificada uma oportunidade, ela é analisada em reunião e os entrevistados também se baseiam em suas expertises para tomarem decisões nessa etapa que é considerada a mais difícil por eles. Na implementação, há a aquisição de novos conhecimentos por meio de cursos, contratação de consultores especializados e benchmarking. Por fim, a de captura de valor das inovações se dá, basicamente, através da venda de produtos e serviços.

As empresas pesquisadas estão crescendo e se destacando no cenário cervejeiro artesanal, no entanto falta uma formalização dos processos de gestão da inovação. Cabem aos gestores de nível estratégico planejar e implantar a gestão de inovação de forma a controlar e avaliar cada etapa desse processo proporcionando uma maior e contínua captura de valor resultante não só no sucesso comercial, na conquista de uma nova fatia mercado ou na redução de custos de produção, mas sim na geração de mais conhecimentos que geram inovações e, dessa forma, mais valores sejam gerados para as empresas.