Resumo

Título do Artigo

DESENVOLVENDO O PENSAMENTO REFLEXIVO NOS ALUNOS DE ADMINISTRAÇÃO: Uma Avaliação sobre o Método de Casos de Ensino
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Palavras Chave

Pensamento Reflexivo
Casos de Ensino
Administração

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Experiências no ensino-aprendizagem

Autores

Nome
1 - SARAH RENATA MENEZES E SILVA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAAC
2 - Serafim Firmo de Souza Ferraz
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade FEAAC

Reumo

A prática profissional do administrador está envolta em um paradoxo. De um lado está a racionalidade técnica, de outro está a realidade organizacional e seus problemas mal estruturados, caóticos e confusos. Trata-se de um desafio conciliar a prescrição teórica e a prática organizacional. Uma forma de mitiga-lo é a adaptação curricular dos cursos de Administração ao ensino prático reflexivo, preparando os alunos ao desenvolvimento de competências adequadas à atuação em campos indeterminados da prática (SCHÖN, 2009). Desafios dessa natureza parecem compatíveis a teoria do pensamento reflexivo.
Os casos de ensino podem fomentar o desenvolvimento do pensamento reflexivo nos alunos? O objetivo é verificar como a utilização de casos de ensino pode se relacionar com os níveis de pensamento reflexivo em alunos do curso de Administração. Objetivos específicos: identificar relações entre casos de ensino e: (I) Ação Habitual, (II) Compreensão, (III) Reflexão e (IV) Reflexão Crítica. Hipóteses: (H1) há uma associação negativa entre a utilização de casos de ensino e a Ação Habitual; e há uma associação positiva entre casos de ensino e (H2) Compreensão, (H3) Reflexão e (H4) Reflexão Crítica.
Pensamento reflexivo é a capacidade de associar conhecimentos prévios à realidade prática, atribuindo a esses conhecimentos um significado pessoal. São 4 níveis: Ação Habitual (memorização), Compreensão (entendimento de conceitos), Reflexão (significação pessoal) e Reflexão Crítica (análise de alternativas de ação e mudança de pressupostos) (KEMBER et al., 2000). Os casos de ensino expõe situações reais com o objetivo de levar os alunos à discussão sobre tomada de decisão e resolução de problemas. A metodologia estimula a corresponsabilização do aluno pelo aprendizado (ARAGÃO; SANGO, 2007).
Experimento em duas etapas, com os mesmos indivíduos e sem grupo de controle (pesquisa longitudinal). Universo amostral de 67 alunos. Etapa quantitativa: foi usado o Questionário de Reflexão (QR), de Kember et al. (2000), aplicado nas disciplinas Gestão de Pessoas 1 e 2 do curso de Administração Noturno da UFC, no início e no final do semestre, após a utilização de casos de ensino. Amostragem de 38 alunos. Análise dos resultados com SPSS e Excel. Etapa qualitativa: entrevistas (7 questões abertas) com 14 alunos (maiores variações positivas e negativas). Análise de conteúdo com ATLAS.ti.
Verificou-se associação negativa dos casos de ensino com a Ação Habitual e a Reflexão, positiva com a Compreensão e não associação com a Reflexão Crítica. As hipóteses H1 e H2 foram confirmadas e H3 e H4 rejeitadas. Optou-se pela realização de entrevistas, que evidenciou a necessidade de adaptação dos casos para a realidade cultural dos estudantes, a falta de conhecimento prévio e de experiência profissional dos alunos e o não atingimento do nível de mudança de atitudes e pressupostos. Tais resultados são indícios dos fatores que podem ter prejudicado a confirmação das hipóteses H3 e H4.
Os casos propiciam ambiente fértil para a prática do pensamento reflexivo, desestimulam a aprendizagem mecânica, contribuem para a compreensão dos conceitos e teorias, são importantes para que os estudantes entrem em contato com as ambiguidades de opinião, auxiliam a visualização da aplicação prática da teoria, favorecem a análise de alternativas de ação e levam os alunos a terem novas ideias, a mudarem de opinião algumas vezes e a ampliarem sua visão a respeito da gestão de pessoas. Mas há necessidade de adaptar os casos à realidade local e ao nível de experiência profissional dos alunos.
DEWEY, J. Como pensamos: 3. ed., São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959. KEMBER, D. et al. A four-category scheme for coding and assessing the level of reflection in written work. Assessment & Evaluation in Higher Education. v. 33, n. 4, 2008. MEZIROW, J. Adult education and empowerment for individual and community development. In: CONNOLLY, Brid et al.. Radical learning for liberation 2. Maynooth Adult and Community Education (MACE), 2007. SCHÖN, D.A. The reflective practitioner: how professionals think in action. New York: Routledge, 2017.