Resumo

Ao mesmo tempo em que o empreendedorismo se consolida como alternativa de trabalho e geração de renda, seu crescimento entre as mulheres também se faz presente. Um dos direitos buscados pelas mulheres atualmente é o da maternidade sem culpas, e uma boa conciliação da vida profissional com a vida pessoal. Elas buscam alternativas para participarem ativamente da criação dos filhos sem abrir mão da carreira, já que Manter uma atividade remunerada é também uma necessidade para grande parte da população feminina e seu significativo impacto econômico e social.

Muitas mulheres entendem o empreendedorismo como uma maneira de realização pessoal e profissional, utilizam a internet para compartilhar experiências e conhecimentos com outras mulheres que tenham os mesmos anseios e dificuldades, em um processo de ajuda mútua. Diante isto, esta pesquisa busca responder à questão seguinte: como a utilização das redes sociais digitais contribuem para o empreendedorismo materno? O objetivo geral é analisar de que forma uma rede firmada por mulheres com identidade compartilhada a partir da maternidade impulsiona seus projetos empreendedores.

O empreendedorismo materno é um modelo particular de negócio que, como salienta Dourado (2016) se destaca pela união das mães que trabalham em rede, para ter mais projeção do negócio, além de fortalecer o objetivo comum de aliar o vínculo afetivo da criação dos filhos concomitante ao trabalho em casa. O termo “Empreendedorismo Materno” vem se popularizando nas redes sociais digitais como um braço do empreendedorismo feminino, mas tendo a mulher mãe como a principal interessada no processo empreendedor.

Propõe-se um estudo qualitativo com o método de Estudo de Caso da Rede Maternativa. Para a coleta dos dados, foi realizada uma observação dos canais da Maternativa nas plataformas digitais, e seleção de depoimentos das mulheres participantes do grupo para identificar o perfil das integrantes do grupo, suas características e o que buscam nessa rede.

A Maternativa foi criada em 2015 com a intenção de estimular o desenvolvimento do empreendedorismo materno. Em seus canais na Internet, a rede se descreve como “a primeira startup brasileira especialmente voltada ao empreendedorismo materno” a fim de “possibilitar que mães fortaleçam seus negócios criando uma rede de mulheres economicamente ativas, gerando renda e, ao mesmo tempo, garantindo uma rotina saudável com os filhos” (MATERNATIVA, 2019). As maternas são as mães empreendedoras que usam a Maternativa para promover seus produtos e trocarem experiências de ser mãe-empreendedora.

Como resultados, observou as formas de interações sociais usadas pela Rede Maternativa e através das maternas (mulheres participantes da rede) percebeu-se as dinâmicas cotidianas, as dificuldades e tensões entre ser mãe e ser empreendedora, as práticas da rede, demonstrando como o netativismo pode ser usado como forma de engajamento e acolhimento.

BRUSCHINI, C. Trabalho feminino: trajetória de um tema, perspectivas para o futuro. Revista Estudos Feministas, v. 2, n. 3, p. 17-32, 1994. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. – A era da informação: economia, sociedade e cultura. 6ª ed. São Paulo: Paz e Terra, Vol. I, 2002. DOURADO, C. S. V. Empreendedorismo materno: a importância do comércio eletrônico na viabilidade de novos negócios gestados por mães. Dissertação Mestrado em Gestão Social. Universidade Federal da Bahia, Bahia, 2016.