Resumo

Título do Artigo

PROFESSOR OU YOUTUBER? A crise do COVID-19, as mudanças de práticas sociais e a adoção de tecnologias para o ensino remoto
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

COVID-19
Práticas Sociais
Papel do professor

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

COVID-19 e os Novos Desafios para a Educação

Autores

Nome
1 - Breno Costa
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Helga Silva Espigão
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI (UFVJM) - Faculdade Interdisciplinas em Humanidades
3 - Marcelo de Rezende Pinto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico

Reumo

Com o agravamento da crise sanitária provocada pela pandemia da COVID-19, entre diversos outros desdobramentos, na área de Educação, os professores do ensino presencial tiveram que alterar repentinamente uma série de atividades, utilização de objetos, significados e outras concepções subjetivas, como estruturas de valores e entendimentos. A partir dessa constatação, emergiram algumas questões no tocante à compreensão da forma como os professores tiveram que adotar novas tecnologias para o exercício de suas atividades à luz da Teoria da prática.
O objetivo desta pesquisa foi entender como acontece a transformação da prática do ensino presencial para o ensino remoto devido ao distanciamento social proporcionado pela crise do COVID-19. Com isso, será possível entender quais foram as mudanças subjetivas que ocorreram para que professores do ensino presencial pudessem alterar suas práticas e adotarem, por exemplo, tecnologias digitais para o ensino remoto.
Todo o arcabouço teórico do artigo baseou-se na Teoria da Prática, corrente que trouxe, a partir da segunda metade dos anos 1960, uma alternativa às abordagens objetivistas durkheimianas predominantes nas ciências sociais (Reckwitz, 2002). Tendo sua origem em filosofias como a do jogo de linguagem de Wittgenstein (2009), que trata a inteligibilidade entre os indivíduos como resultado da imersão em práticas contínuas, rotineiras e contextualizadas. A partir dessas considerações, dedica-se um espaço ao entendimento dos componentes das práticas.
A pesquisa conduzida tem características que a alinham com a abordagem interpretativista e qualitativa. Foram entrevistados 12 professores por meio da plataforma Google Meet. Para a análise dos dados, foi utilizada a análise do discurso de origem francesa, por ser uma técnica que permite desvendar as estruturas sociais que “falam” por meio dos discursos dos indivíduos, considerando que as práticas e seus elementos são formadoras de e formadas por tais estruturas. A técnica de análise do discurso será complementada com a abordagem de Wittgenstein (2009).
A análise dos resultados foi dividida em três seções, que terão o objetivo de guiar o leitor no debate dos dois grandes temas que emergiram dos dados. A primeira seção abordou o momento em que as instituições suspenderam as atividades docentes presenciais, forçando os professores a adotarem novas formas de consumo das tecnologias digitais para o ensino remoto. Na segunda seção foram abordados os esforços realizados pelos professores para a adoção de tais tecnologias. Por fim, foi analisado o esforço promovido pelos entrevistados para garantir a qualidade do ensino remoto.
Uma das conclusões é a de que não basta apenas que o indivíduo conheça uma nova tecnologia para que ele possa utilizá-la em sua atividade profissional. No caso dos professores entrevistados, foi preciso uma mudança de alguns elementos subjetivos, especificamente, dos entendimentos e de uma cadeia de valores e projetos da prática do ensino presencial. Em segundo lugar, após uma transformação em cadeia nos componentes da prática, foi possível perceber que os professores, mesmo no cenário pós-pandemia, pretendem adotar alguns de seus aprendizados no ensino presencial.
Schatzki, T. (2008). Social practices: A Wittgensteinian approach to human activity and the social. Cambridge: Cambridge University Press. Sovacool, B. K.; & Hess, D. J. (2016) Ordering theories: Typologies and conceptual frameworks for sociotechnical change. Social Studies of Science, 1–48. Warde, A. (2014). After taste: Culture, consumption and theories of practice. Journal of Consumer Culture, 14(3), 279-303.