1 - Elisângela de Jesus Furtado da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Campus Pampulha
Reumo
O acesso recente de grupos minoritários à pós-graduação tem produzindo tensões que reaquecem os debates acerca do posicionamento e distanciamento do pesquisador em relação ao objeto ou sujeito. Dessa forma, alguns estudos têm sido considerados como fruto de uma posição ativista, o que gera sua desqualificação no âmbito acadêmico. Em contra partida, diversos estudos mesmo sendo realizados sob premissas de neutralidade e objetividade, apresentam nuances que revelam a subjetividade do pesquisador.
Questiona-se, no âmbito dos estudos organizacionais, como se dá a compreensão do ideal no que diz respeito a relação entre sujeito e objeto ou pesquisador e pesquisado. Assim sendo, o objetivo de compreender, a partir das possibilidades da produção de conhecimento no âmbito científico, a implicação pessoal do pesquisar com o seu trabalho.
O debate apresenta as possibilidades de conhecimento e algumas de suas especificidades, como forma de se compreender em que se diferenciam e se aproximam, com ênfase na Ciência. Na sequência, em “A dimensão ética na produção do conhecimento científico” estão presentes algumas discussões voltadas a problematizar a dimensão ética presente na realização de pesquisas como fonte de produção do conhecimento no campo científico. O tópico derradeiro denota questões ligadas ao que é considerado ideal no que se refere ao distanciamento entre pesquisador e pesquisados.
A pesquisa realizada a partir das ciências sociais possui particularidades que a distingue das ciências naturais, já que o observador e observado compartilham a mesma natureza. Minayo (2012, p. 13) amplifica essa concepção, ao defender a existência de uma identidade entre o sujeito e o objeto, por se tratar de estudos voltados a compreensão de fenômenos culturais como classe, gênero, faixa etária e tantos outros, possuem pontos de contato com a identidade do pesquisador, algo que em alguma medida torna-os “solidariamente imbricados e comprometidos”.
A proximidade entre pesquisador e objeto/ sujeitos partipantes das pesquisas tem sido interpretada por alguns teóricos como uma situação que produz ideologias e não conhecimento científico. O debate teórico aqui descrito, possibilita inferir que a imposição da subjetividade do pesquisador não está relacionada com seu distanciamento do objeto ou fenômeno, mas sim, com a desproblematização da implicação do pesquisador na produção científica, fruto de um processo histórico de negação da existência dessa implicação.
CHAUÍ, M. O que é ideologia? São Paulo, Brasiliense, 1984.
HESSEN, J. Teoria do Conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MANRIQUE, M. M. DI MATTEO, M. F. TROUSSEL, L. S. Análisis de la implicación: construcción del sujeto y del objeto de investigación. Cadernos de Pesquisa, v. 46, n. 162, p.
984-1008, 2016.
MINAYO, M. C. S. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis: Vozes, 2012.
ROUSSEAU, J.J. Discours sur les Sciences et les Arts, in Oeiwres Complètes, vol. 2, Paris: Seuil, 1971.