Resumo

O processo de avaliar a performance das organizações é um dos principais tópicos estudados nas escolas de administração de empresas.O desempenho organizacional usualmente foca-se no desempenho financeiro da organização e eventualmente na performance “triple bottom line”, que leva em conta o desempenho econômico, social e desenvolvimento sustentável (Salazar, Husted, & Biehl, 2012). Neste estudo, há um foco maior no desempenho social, mensurado por meio do questionário entregue a B3 respondido pelas empresas que se candidatam a ingressar na carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial.

Muitos estudos teórico-empíricos buscaram testar a relação entre a Performance Social Corporativa – CSP e a Performance Financeira Corporativa – CFP, porém evidências dessa relação no contexto brasileiro ainda são escassas. Buscando contribuir com evidências sobre a direção dessa relação e a presença de variáveis moderadoras, este estudo tem como objetivo analisar a relação entre CSP e CFP, considerando duas direções de causalidade, e investigar se o disclosure social é uma variável moderadora dessa relação.

Para o desenvolvimento deste estudo, os seguintes tópicos foram levantados para fundamentação teórica e desenvolvimento das hipóteses de pesquisa: Performance Social Corporativa (CSP); Performance Financeira Corporativa (CFP); Relação de Causalidade entre CSP e CFP; Teoria da Legitimidade; Moderação do Disclosure Social na Relação CSP-CFP. Com base nesta teoria revisada, 4 hipóteses foram levantadas:H1 e H2 - referente a relação causal entre CSP e CFP, e H3 e H4, referente a presença do disclosure moderando a relação entre as duas variáveis (CSPxCFP).

A amostra da pesquisa é composta por empresas que responderam ao questionário do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) no período de 2010 a 2013. A performance social foi mensurada pela dimensão social do ISE, a performance financeira foi avaliada pelo valor de mercado das companhias, e o disclosure foi mensurado pelos relatórios divulgados na plataforma da Global Reporting Initiative (GRI). Os dados foram analisados por modelos de regressão para dados em painel. Os modelos foram testados com o auxílio do software Stata®.

Ao analisar a correlação entre o CFP e o disclosure, observou-se que há uma correlação positiva (0,1748), porém menor que a correlação entre CSP e CFP. Por outro lado, a correlação entre o CSP e o disclosure, mostrou-se maior (0,3059). Por fim, as correlações entre a variável de controle tamanho e as variáveis CSP e CFP, obtiveram resultados elevados (correlação entre tamanho e CSP foi de 0,469 e correlação entre tamanho e CFP foi de 0,6574).Desta forma há evidências estatísticas para afirmar que há uma correlação positiva entre o CSP e CFP.

Os resultados obtidos mostram que há uma relação positiva entre CSP e CFP, considerando as duas direções de causalidade. Porém, os resultados obtidos indicam que não há evidências estatísticas para afirmar que a presença do disclosure é capaz de moderar a relação entre CSP e CFP. A contribuição dessa pesquisa consiste em fornecer evidências sobre a direção da causalidade e a presença de variáveis moderadoras na relação CSP-CFP. Essas evidências complementam os estudos anteriores que testam relações unilaterais e diretas e fornecem evidencias sobre a relação CSP-CFP no contexto brasileiro.

Boaventura, J. M. G., Silva, R. S., & Bandeira-de-Mello, R. (2012). Performance Financeira Corporativa e Performance Social Corporativa: Desenvolvimento Metodológico e Contribuição Teórica dos Estudos Empíricos. Revista Contabilidade & Finanças, 23(60), 232-245. Garcia, E. A. R., Sousa-Filho, J. M., & Boaventura, J. M. G. (2018). A influência do disclosure social na relação entre Performance Financeira Corporativa e Performance Social Corporativa. Revista Contabilidade & Finanças, 29(77), 229-245. Verrecchia, R. E. (1983). Discretionary disclosure. Journal of Accounting and Economics, 5, 179-1