Resumo

Título do Artigo

Efeito Lock-in e Declínio de Cluster: Caso do cluster Calçadista do Vale dos Sinos-Paranhana
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Palavras Chave

Cluster
efeito lock-in
declínio

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Cluster e Redes de Negócios

Autores

Nome
1 - vitor klein schmidt
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
2 - Diego Alex Gazaro dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
3 - Aurora Carneiro Zen
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Departamento de Ciências Administrativas

Reumo

Desde a década de 1970, progressivo interesse foi dado para as aglomerações geográficas de firmas. Apesar do crescente interesse, pouco se investigou como tais aglomerados se desenvolviam ao longo do tempo (MENZEL; FORNAHL, 2010). A dependência de trajetória e efeito lock-in estão entre os poucos conceitos que buscam explicar a queda dos clusters (HASSINK, 2005), o efeito lock-in decorre de aspectos institucionais enraizados e destinados a preservar as estruturas industriais existentes, desestimulando a renovação regional.
Este estudo tem como objetivo analisar a influência do efeito de lock-in no declínio de um cluster. Para tanto, foi desenvolvido um estudo de caso no Cluster Calçadista do Vale dos Sinos-Paranhana. Este cluster é um dos mais antigos do Brasil, possuindo uma cadeia completa de produção e distribuição, tendo grande importância econômica e social para a sua região. Entretanto, as firmas no cluster vêm enfrentando dificuldades para se manterem competitivas: a entrada de países asiáticos e a instabilidade econômica agravaram o cenário competitivo, comprometendo a sobrevivência das firmas.
Os trabalhos mais recentes sobre clusters demonstram as transformações de longo prazo ocorrem nos clusters (BERGMAN, 2008). Diversos estudos sobre como os clusters emergem, se desenvolvem, declinam passaram a fazer parte das discussões acadêmicas com o rótulo de ciclo de vida de cluster (MENZEL; FORNAHL, 2010). Esta nova abordagem avalia o cluster não mais como estrutura econômica que garantiria o sucesso regional, mas sim à evolução de sua trajetória, a qual pode tornar clusters produtivos e inovativos em estruturas engessadas e vulneráveis (BERGMAN, 2008).
Este trabalho possui um caráter exploratório e segue uma abordagem qualitativa através de um estudo de caso com o Cluster Calçadista do Vale dos Sinos-Paranhana. Conduziu-se 15 entrevistas a fim de identificar os processos evolucionários que caracterizam o aprisionamento do cluster, as entrevistas ocorreram entre os anos de 2016 e 2017. Também utilizou-se dados provenientes da RAIS e análise documental. A análise dos dados desta pesquisa se deu através das transcrições das entrevistas com as organizações do cluster, análise dos dados obtidos da RAIS, de artigos e documentos oficiais.
A estabilidade das relações de longo-prazo e o modelo de private label tornaram o cluster calçadista dependente das grandes marcas de calçados. O cluster investiu na estabilidade das relações e na adaptação das firmas. Entretanto, uma alta adaptação coloca em risco a adaptabilidade regional e, frente ao choque na demanda, o cluster calçadista teve dificuldades em se renovar. Devido a herança dos tempos de private label, não se criou uma busca pela diferenciação e pela inovação e se generalizou a cultura da cópia.
A análise do efeito lock-in demonstrou que o enraizamento de um modelo produtivo e mental pode levar toda uma indústria ao declínio. A renovação do cluster é um processo delicado que exige a participação de todos os envolvidos, em especial, das instituições de suporte. Cabe a elas dar o direcionamento para novas possibilidades para a região. Essas possibilidades podem emergir da própria indústria calçadista, como a exploração de novos nichos de mercados e novos modelos de comercialização, mas também com setores relacionados.
BERGMAN, E. M. Cluster life-cycles: an emerging synthesis. In C, Karlsson (Org.) Handbook of research on cluster theory (pp. 114-132). Cheltenham, UK: Edward Elgar, 2008. HASSINK, R. How to unlock regional economies from path dependency? From learning region to learning cluster, European Planning Studies, Vol. 13, Nº. 4, p. 521-535, 2005. MENZEL, M. P.; FORNAHL, D. Cluster Life Cycles – Dimensions and Rationales of Cluster Evolution, Industrial and corporate Change, V.