Resumo

Os atuais órgãos de fiscalização e controle de governança corporativa têm limites naturais que os impedem de enxergar todos os ângulos de uma transação ou atividade, desenvolvida no sistema aberto empresa, e de analisar com completa segurança as informações a ela correspondente (HUSE, 2005; NASCIMENTO; BIACHI; TERRA, 2005; OECD, 2004). Limites esses que podem ser constatados em grandes escândalos corporativos como o caso do Banco Barings, do Banco Nacional, do AIB, da Enron, WorldCom, Tyco, Parmalat, Xerox, Bristrol-MyersSquibb, Merck, ImClone Systems, HealthSouth, Freddie Mac, dentre outros.

No processo de gestão, quem participa diretamente gerando as informações necessárias para que o controle possa ser exercido de forma eficaz é a Controladoria. Assim, presume-se que boas práticas de governança corporativa relacionam-se à existência de mecanismos específicos de controle suportados pela área de controladoria. Diante do exposto, esse estudo visa propor a inserção da unidade organizacional controladoria como um órgão de controle para a estrutura de governança corporativa.

A acumulação excessiva de risco parcialmente causados por deficiências nas práticas de governança corporativa denota o desencadeamento de crises, em que a ausência ou a inadequação de mecanismos eficazes de controle pode levar grandes corporações ao fracasso (HIMMELBERG; HUBBARD; PALIA, 1999; HOEGH-KROHN; KNIVSFLA, 2000). Assim, é eminente que se tenha um pilar na governança corporativa que possa gerir mais de perto os controles internos. Já que nos últimos anos as práticas de governança buscam uma possível solução para as recorrentes crises corporativas (NEE; SWEDBERG, 2005; SCOTT, 2008).

A pesquisa possui abordagem qualitativa, do tipo descritiva, utilizando-se de pesquisas bibliográficas e de campo, com a aplicação de roteiro de entrevista como instrumento de coleta de dados, encaminhados para especialistas nacionais e internacionais de controladoria e governança corporativa.

Por meio das respostas dos especialistas nota-se que o esforço para adotar as práticas de governança, ou ainda, assimilar novos conceitos e ferramentas nos processos de gestão, de modo a auxiliar em um modelo de tomada de decisão, é traduzido na sustentabilidade do negócio. Quando se vincula a sustentabilidade à gestão de processos, a sua implantação significa mudanças na rotina do trabalho diário das pessoas, vários fatores podem envolver estas mudanças, tais como mudança de sistema, de função.

Portanto, conclui-se que, a unidade controladoria possui os requisitos para atuar como órgão de controle de governança corporativa. E que como um órgão de governança corporativa a controladoria terá que atuar diretamente no processo de gestão com o objetivo de proporcionar aos gestores os meios que os levem a atingir a eficácia organizacional; que esse órgão esteja voltado para a informação de resultados e desempenhos, que participe ativamente do processo operacional, conhecendo os fluxos e operações.

BEUREN, I. M.; MÜLLER, E. T. C. Controllership institutionalization process of corporate governance in Brazilian companies. Corporate Ownership & Control, v. 7, p. 318-329, Fall 2009. GOERGEN, M.; BREWSTER, C. J.; WOOD, G. Corporate governance regimes and employment relations in Europe. Relations industrielles/Industrial relations, v. 64, n. 4, p. 620-640, 2009. PETROVITS, C.; SHAKESPEARE, C.; SHIH, A. The causes and consequences of internal control problems in nonprofit organizations. The Accounting Review, v. 86, n. 1, p. 325-357, 2011.