Resumo

O mercado fonográfico evoluiu ao longo do tempo e com a difusão de tecnologias digitais tornou possível para as empresas a criação de novos modelos de negócio como estratégia para reagir às inovações externas (TRABUCCHI et al., 2017). Neste sentido, as capacidades dinâmicas proposta por Teece et al. (1997) mostram-se como uma abordagem estratégica tecnológica e pode contribuir na demonstração de como as transformações durante a trajetória de uma empresa permitem que a mesma desenvolva, adapte e renove o seu modelo de negócios, mesmo diante de ambientes competitivos e com rápidas mudanças.

Mas, embora haja esse entendimento, ainda são poucos estudos empíricos (AMBROSINI; BOWMAN, 2009) que investigam como as empresas podem ser inovadoras e manter a inovação com seus modelos de negócios, ainda que em um ambiente competitivo, globalizado e dinâmico (WIRTZ, 2016). No mercado fonográfico, em especial, não foi encontrado nenhum estudo até o momento. Desta forma, o presente estudo buscar investigar e descrever como as produtoras musicais desenvolvem suas capacidades dinâmicas e como essas capacidades contribuem para a inovação em seus modelos de negócios.

as capacidades dinâmicas podem ser definidas como sendo a capacidade que uma empresa possui de integrar, construir e reconfigurar suas competências internas e externas de modo a responder rapidamente às mudanças do ambiente competitivo no qual encontra-se inserida (TEECE et al., 1997). A partir dessa abordagem, Teece (2018) aponta que as capacidades dinâmicas atuam para que a empresa consiga criar e refinar seus modelos de negócio, o que por sua vez guia o processo de transformação organizacional.

O presente artigo busca investigar e descrever como as produtoras musicais desenvolvem suas capacidades dinâmicas e como essas capacidades contribuem para a inovação em seus modelos de negócios, no contexto do mercado fonográfico brasileiro. Deste modo, adotou-se o método de múltiplos casos, a abordagem qualitativa e o caráter exploratório-descritivo. Como estratégia de coleta de dados utilizou-se a entrevista semi-estruturada com produtores musicais, analisada por meio do método de análise de conteúdo proposto por Bardin (2010).

Os resultados demonstraram que o desenvolvimento das capacidades dinâmicas perante a perspectiva dos microfundamentos de Teece (2007) ocorreu de forma parcial nas empresas analisadas. Essas apresentaram apenas alguns dos microfundamentos relacionados aos processos de identificação de oportunidades e ameaças, aproveitamento dessas oportunidades e reconfiguração dos seus recursos. Mas apesar dos microfundamentos encontrados não contribuíram para inovação do modelo de negócio, eles auxiliaram para o alcance de alguns resultados importantes.

Os achados do presente estudo permitiram concluir que mesmo diante do crescimento da organização, das mudanças impostas pelo mercado e pela tecnologia, a organização deve compreender o processo de reestruturar seu modelo de negócio para torna-se longeva no mercado. Por isso, recomenda-se que as empresas desse segmento atentem-se aos microfundamentos que sustentam a capacidade de detectar ameaças e oportunidades (sense); a capacidade de aproveitar as oportunidades (seize); e a capacidade de manter a competitividade (reconfigure).

AMBROSINI, V.; BOWMAN, C. "What are dynamic capabilities and are they a useful construct in strategic management?". International Journal of Management Reviews, v. 11 n. 1, p. 29-49, 2009. TEECE, D. J. et al. Amy. Dynamic capability and strategic management. Strategic Management Journal, v. 18, n. 7, p. 509–533, 1997. TEECE, D.J. Business models and dynamic capabilities. Long Range Planning, v.51, n.1, p.40-59, 2018. WIRTZ, Bernd W. et al. Business models: Origin, development and future research perspectives. Long Range Planning, v. 49, n.1, p.36-54, 2016.