Resumo

Título do Artigo

COMING OUT E SUAS IMPLICAÇÕES NO TRABALHO: RELATOS DE TRABALHADORES DE MONTES CLAROS-MG
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Palavras Chave

Coming Out
Trabalho
Violência

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Carlos Sérgio Rodrigues Cardoso Júnior
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) - Montes Claros
2 - Felipe Fróes Couto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) - Campus Darcy Ribeiro - Montes Claros

Reumo

Este artigo foi escrito a partir das relevantes dificuldades dos homossexuais dentro do local de trabalho, referentes tanto ao coming out com o risco de sofrer discriminação ao acesso a empregos, ou progressão da carreira, dificuldades no dia a dia e no desenvolvimento do trabalho e homofobia, quanto à decisão de permanecer no armário, as táticas de sobrevivência usadas e o desgaste que isso causa. Este trabalho se constitui em uma forma de conscientização da sociedade em geral sobre o sofrimento que muitos homossexuais ainda passam, tanto na sua vida pessoal, quanto na sua vida profissional.
O desenvolvimento deste trabalho foi direcionado através da seguinte pergunta norteadora: Qual a influência do coming out sobre a vida profissional de trabalhadores homossexuais no município de Montes Claros? Para responder essa pergunta, buscou-se, como objetivo geral analisar a existência e o impacto do coming out sobre a vida profissional, o desenvolvimento e a progressão da carreira dos profissionais homossexuais.
O coming out (forma abreviada de coming out of the closet que na língua portuguesa corresponde a “sair do armário”) é o processo de revelação da orientação sexual aqueles do convívio social ou organizacional. O rito de “sair do armário”, é um processo de construção da identidade homossexual refletida na aceitação dessa identidade e na revelação de um status social estigmatizado para familiares, amigos, colegas de trabalho ou estranhos, desafiando abertamente o discurso sexual hegemônico e passando por um processo de ressocialização e auto aceitação.
Optou-se, em função dessa complexidade, em adotar uma abordagem qualitativa, exploratória, e descritiva a partir de uma base fenomenológica-hermenêutica. O primeiro passo da pesquisa foi a formação de um referencial teórico consistente, realizando pesquisa bibliográfica e revisão de literatura acerca do tema. Quando da pesquisa de campo, foram realizadas 9 entrevistas semiestruturadas com amostragem do tipo bola-de-neve, O método de análise foi a análise de conteúdo.
A análise das entrevistas forneceu subsídio para algumas construções em quatro principais aspectos: (1) algumas condições no ambiente de trabalho permitem maior integração no cotidiano organizacional; (2) assumir-se gay no ambiente de trabalho ainda é um desafio em função do medo de violência moral ou física; (3) assumir-se gay trouxe uma sensação de alívio, sinceridade e honestidade sobre si para os entrevistados e, por fim, (4) a busca de políticas organizacionais para a redução das violências são instrumentos que permitem a invisibilização nas organizações (não ser percebido por ser gay).
As contribuições não podem ser generalizadas, mas permitem provocações que podem ser analisadas em outros contextos. Montes Claros, lócus de pesquisa, ainda é uma cidade caracterizada por uma cultura conservadora e hegemonicamente cristã, em que ações violentas são direcionadas à população LGBTIQQ nas mais variadas formas. Por essa razão, os achados desta pesquisa podem permitir atribuir destaque às práticas de gestão das empresas locais e chamar a atenção para as questões da redução da violência no trabalho.
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