Resumo

"O empreendedorismo transformou-se em uma inusitada revolução social neste novo século" (MASIERO, 2009, p. 404). Multifacetado e eclético por natureza esse fenômeno alcança todas as áreas do conhecimento e, especificamente, carece de atenção o seu recorte no contexto da Administração Pública. Há fortes indícios do governo/Estado empreendedor nas suas distintas esferas (Mazzucato, 2014), sendo assim um desafio compreender como os agentes públicos absorvem virtudes empreendedoras.

Na realidade, o foco é a educação para o empreendedorismo (EpE) impactante no setor público, assim sendo, tem-se uma questão-problema deste estudo: o que tem sido escrito pela comunidade científica internacional sobre educação para o empreendedorismo (EpE) adjacente ao setor público? Com efeito, o objetivo é mapear a produção científica sobre a EpE adjacente ao setor público, para fins de se diagnosticar os principais condicionantes/determinantes dessa cognição.

Essa empreitada envolve noções das origens, bases conceituais e teorias sobre empreendedorismo, bem como a sua apropriação pelo Setor Público. Autores como Morris e Jones (1999), dentre outros vão contribuir neste sentido. Outros, tais como Filion (1999) vão revelar o potencial da EpE com as sutilezas que tangenciam o Setor Público.

Neste intuito, os procedimentos metodológicos adotados enquadram esta pesquisa em nível exploratória-descritiva e quanto aos meios no tipo bibliográfica e telematizada (Vergara, 1997), caracterizada como um trabalho de pesquisa de pesquisas. Trata-se de um meta-estudo qualiquantitativo da produção científica. Nesse ínterim foram selecionados 93 artigos em periódicos internacionais classificados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) nas bases de dados Scielo, Spell, Web of Sciense e Scopus para averiguação.

Revelam que os principais condicionantes e/ou determinantes da educação para o empreendedorismo no setor público envolvem um agregado de variáveis, tais como: proposição de cursos característicos; infraestrutura suplementar; publicações específicas e relevantes academicamente; conjuntura econômica favorável; expertise dos docentes; ensino propriamente dito, dentre outras. Além disso, poucos estudos abordam a temática nacionalmente e a preocupação com aspectos destacados pela corrente econômica faz-se presente, a empregabilidade, por exemplo, é acentuada na maioria dos artigos analisados.

Essas variáveis podem endossar categorias de análise que abrem caminho para a definição de um protocolo de pesquisa capaz de mensurar com precisão o potencial da EpE no setor público e os seus desdobramentos no progresso de uma nação. Beneficiam-se muitas políticas públicas e passam a ser muitas as possibilidades de transformação de burocratas em empreendedores.

FILION, L. J.Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios. Revista de Administração, v. 34, n. 2, p. 6-28, 1999. MASIERO, G. Administração de empresas: teorias e funções com exercícios e casos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MAZZUCATO, M. O estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014. MORRIS, M. H; JONES, F. F. Entrepreneurship in established organizations: The case of the public sector. Entrepreneurship Theory and Practice, 24(1), 71-91, 1999.