Resumo

O comportamento do turista se relaciona a variadas esferas da vida e experiências vividas, gerando consequências mais amplas da atividade turística sobre a vida dos mesmos (McCabe & Johnson, 2013). Embora haja um interesse crescente em se entender os benefícios intangíveis do consumo, poucos estudos exploram as variáveis consequentes da experiência turística, como qualidade de vida e bem-estar (Kim, Woo, & Uysal, 2015a). Viagens transformadoras são subpesquisadas, mesmo com o crescimento da diversidade de experiências disponíveis ao redor do globo (Saunders, Laing, & Weiler, 2013).

Esse estudo pretende abordar as possíveis transformações pessoais decorrentes de viagens memoráveis. Logo, o problema de pesquisa desse artigo é: Que tipo de transformação pessoal é decorrente da experiência turística? O objetivo é propor e testar uma escala inédita de transformações pessoais, tratando-se de uma contribuição teórica do estudo. Ademais, propõe-se a categorização dessas transformações ao menos em quatro aspectos: 1) transformações de habilidades, 2) transformações empáticas, 3) no aprendizado decorrente da viagem, e 4) em alterações no comportamento.

Não há um levantamento sistemático dos tipos de transformação que decorrem de atividades turísticas. Contudo, sabe-se que as transformações pessoais decorrentes de viagens podem contribuir enquanto fontes de: i) terapia e resolução de problemas; ii) desafio e conquista; iii) relacionamentos e pertencimento; iv) saúde e exercício físico; v) significância e conexão (Saunders et al., 2013). O Quadro 1 do estudo sintetiza um levantamento dos estudos de experiência turística que demonstraram algum tipo de transformação decorrente de viagens e propõe uma classificação dos tipos de transformação.

A pesquisa foi do tipo mista, uma vez que aliou técnicas de análise de dados qualitativos com técnicas e testes quantitativos de análise multivariada de dados. O objetivo da primeira etapa foi o de subsidiar os itens da escala para os testes na etapa quantitativa. Já a segunda etapa, quantitativa, teve como objetivo a proposta e teste de escala de transformações pessoais decorrentes de viagens. Os dados foram coletados com brasileiros, maiores de 18 anos, que já passaram por algum tipo de experiência transformadora.

Dentre os resultados de transformações pessoais, tem-se que independência, automotivação, autoavaliação foram citadas pelos respondentes, corroborando Scarinci e Pearce (2012). Ademais, o desenvolvimento de habilidades empáticas, ter uma mente aberta e respeitar outras pessoas e opiniões, destacadas por Pan (2012), também foram descritas pelos respondentes . Após as etapas da Análise Fatorial Confirmatória, constatou-se a confiabilidade, validade convergente e validade discriminante no modelo ajustado. Logo, concluiu-se que o modelo reespecificado é válido

Este estudo contribuiu para a classificação das transformações pessoais provenientes de experiências turísticas em: i) transformações de aprendizado; ii) transformações comportamentais; e iii) transformações em habilidades pessoais. Ainda, propõe e testa uma escala multifatorial do construto transformações pessoais, composta por 39 itens. Outros estudos podem testar a relação entre experiências de viagem e transformações pessoais. Um levantamento bibliográfico com outros termos similares a transformação podem se associar ao estudo como base teórica e/ou identificação de novas variáveis.

Ali, F., Ryu, K., & Hussain, K. (2016). Influence of Experiences on Memories, Satisfaction and Behavioral Intentions: A Study of Creative Tourism. Journal of Travel and Tourism Marketing, 33(1), 85–100 Anderson, L., & Ostrom, A. L. (2015). Transformative Service Research: Advancing Our Knowledge About Service and Well-Being. Journal of Service Research, 18(3), 243–249. Kim, H., Woo, E., & Uysal, M. (2015). Tourism experience and quality of life among elderly tourists. Tourism Management, 46, 465–476.