Resumo

A sustentabilidade organizacional está cada vez mais relacionada com a inovação (REGAZZI, 2005). De acordo com Carvalho (2009, p. 56), para a inovação acontecer é preciso estar conectado em redes. Ao abordá-la nesta perspectiva de redes, desmitifica-se que ela é fruto de um grupo seleto de pessoas e reforça-se que para alcançá-la é necessário conectar-se em redes que permitam a interação e colaboração (GIBSON, 2008). Nesse contexto, observa-se o aumento dos coworking, espaços de trabalho que favorecem a interação, colaboração e compartilhamento de aprendizados (LEFORESTIER, 2009).

Frente às poucas pesquisas acadêmicas na área no Brasil, por se tratar de uma temática recente e diante da contextualização apresentada, este trabalho busca responder à seguinte pergunta de pesquisa: como os espaços de coworking favorecem as redes de colaboração e a inovação? Tendo isso em vista, o objetivo é analisar espaços de coworking, verificando sua relação com as redes de colaboração e como elas impulsionam a inovação.

A inovação é um processo resultante da criação e recombinação do conhecimento, que requer a interação entre diferentes atores. Para isso, é necessário que exista entre eles a cooperação e colaboração, a fim de reduzir as incertezas e gerar conhecimentos relevantes (ALVES; MARQUES; SAUR, 2004). Neste sentido, os espaços de coworking, que apresentaram grande crescimento nos últimos anos, podem ser vistos como um ambiente em rede, que propicia aos seus usuários um espaço colaborativo de trabalho.

A metodologia adotada foi qualitativa descritiva. Foram escolhidos três espaços visando obter representatividade dos diferentes tipos de coworking. A escolha pelo SebLab foi motivada por ser um espaço gerido por entidades com relações governamentais. A Casa Criativa foi escolhida por ser um espaço de cunho privado que oferece serviços como alimentação e bar. A escolha pelo Animado se deu por se tratar de um coworking localizado dentro de uma universidade. Foi utilizada a entrevista semiestruturada como técnica de coleta de dados, os quais foram analisados por meio de análise de conteúdo.

A proposta dos espaços analisados é de ser um local de trabalho de layout aberto, que promove interação, colaboração e o compartilhamento de ideias entre os usuários, conforme apontando por Leforestier (2009). Além do ambiente estimulante, os coworking apresentam-se como alternativa para redução de custos. O espaço físico proporciona maior interação entre os usuários, criando-se um ambiente propicio a inovação aberta. Percebe-se também a importância da gestão desses espaços e das inovações que nele ocorrem, sob risco dos usuários não se conectarem e das ideias inovadoras se perderem.

Os coworking propiciam um ambiente com design flexível, cores estimulantes e programação de atividades. Além disso, percebe-se a circulação do aprendizado de forma mais livre, e que os usuários estão mais susceptíveis a colaboração. Pela sua concepção, são espaços propícios ao compartilhamento e que estimulam novas formas de pensar. No entanto, conclui-se que os coworking, por si só, não são eficazes para a formação de uma rede de colaboração que propicie a inovação: conjuntamente com o design do espaço, é importante haver uma gestão para a inovação que estimule as trocas entre os usuários.

ALVES, J; MARQUES, M. J.; SAUR, I. O papel das redes de cooperação na promoção da inovação e na modernização de clusters. Revista Portuguesa de Estudos Regionais. n. 6, 2004. CARVALHO, M. Inovação. Estratégias e Comunidades de Conhecimento. São Paulo: Atlas 2009. GIBSON, R.; SKARZYNSKI, P. Inovação, prioridade nº 1. 1.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. LEFORESTIER, A. The Co-Working space concept. CINE Term project. Indian Institute of Management, Ahmedabad, 2009 REGAZZI, R. Um olhar estratégico para o sistema de inovação. Intraempreendedorismo e inovação, 2015, v. 1. p. 52-57, 2005.