Resumo

Nos últimos anos, o debate em torno da educação tem se tornado cada vez mais difundido no Brasil. O ensino superior, como serviço, tem algumas características específicas que precisam ser consideradas, dentre elas o alto nível de envolvimento ativo exigido dos alunos; a relação de serviço prolongada; e a grande variedade na natureza dos serviços oferecidos. Ao abordar a temática sobre experiências em serviços educacionais, este artigo compreende o estudante como um usuário do serviço e busca ir além da interação pedagógica que se dá nas instituições educacionais.

A presente pesquisa traz a seguinte indagação: Como se caracterizam as experiências memoráveis, na percepção de egressos de graduação em administração de instituições de ensino pública, considerando as principais interações em sua vivência acadêmica? Busca-se, mediante a realização de levantamento com egressos do curso de Administração, mapear as experiências memoráveis na vivência acadêmica, visando a proposição de um framework conceitual para caracterizar as experiências memoráveis.

A fundamentação teórica deste estudo sustenta-se nas experiências em serviços, a partir da obra de Pine II e Gilmore (1998, 1999) sobre a economia da experiência. Além destes, apresenta outros autores sobre a temática, com destaque para Carú e Cova (2003), Helkkula (2011) entre outros, incluindo estudos sobre as percepções de estudantes, normalmente centrados na abordagem didática-pedagógica.

A pesquisa configura-se como um estudo de natureza exploratória e abordagem qualitativa e indutiva. O levantamento de dados ocorreu mediante entrevista semi-estruturada em profundidade com 11 egressos dos cursos de Administração da ESAG-UDESC e UFSC, as duas maiores universidades públicas de Santa Catarina. Após transcritas, o procedimento de análise das entrevistas envolveu análise de narrativas com posterior categorização (GIBBS, 2009).

Foram identificadas quatro categorias de experiências memoráveias, detectadas pela repetição dos relatos. A primeira categoria diz respeito à interação professor-aluno, a segunda, as interações sociais – ou seja, os laços de amizade formados durante o curso. A terceira são as atividades de extensão, como empresa Júnior e Atlética; e a quarta, a formatura. Estas categorias foram organizadas em um framework, que faz uso de combinado de elementos teóricos, para apresentar o fenômeno pesquisado.

A pesquisa traz como contribuição o olhar ao ensino em Administração para além das questões didático-pedagógicas, embora sem excluir essa dimensão. O framework proposto busca mostrar o aluno como usuário do serviço, cujas experiências envolvem distintas dimensões e devem ser consideradas por gestores acadêmicos que buscam a retenção dos alunos em suas instituições de ensino.

CARÙ, A.; COVA, B. Revisiting consumption experience: A more humble but complete view of the concept. Marketing Theory, v. 3, n. 2, 2003. NG, I. C. L.; FORBES, J. Education as Service: The Understanding of University Experience Through the Service Logic. Journal of Marketing for Higher Education, v. 19, n. 1, p. 38–64, 2009. PINE II, B.J.; GILMORE, J.H. Welcome to the experience economy. Harvard Business Review. v. 76, n.4. p.97-105, 1998. PINE II, B.J.; GILMORE, J.H. Welcome to the experience economy: Work is theatre and every business is a stage. Harvard Business School Press. 1999.