Resumo

Título do Artigo

ACULTURAÇÃO E INSERÇÃO PROFISSIONAL DE REFUGIADOS HAITIANOS EM SÃO PAULO
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Palavras Chave

Refugiados haitianos
aculturação
inserção profissional

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Eduardo Estellita de Oliveira Santos
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - Higienópolis
2 - DARCY MITIKO MORI HANASHIRO
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - Centro de Ciências Socias e Aplicadas - PPGA

Reumo

Desde o terremoto de 2010 que acometeu o Haiti, mais de 52 mil haitianos solicitaram refúgio em solo brasileiro. A questão da inserção profissional de refugiados nos países de acolhimento, e sua consequente integração na comunidade local, tem recebido crescente atenção da sociedade civil e das mídias. Um levantamento bibliográfico realizado nas bases de dados EBSCO e SciELO de artigos publicados em revistas académicas no período de 2002 e 2018, permitiu a identificação de uma lacuna referente a estudos que explorem simultaneamente a aculturação e a inserção profissional de refugiados.
O estudo visa responder à seguinte pergunta de pesquisa: Como atividades formais visando a aculturação à cultura brasileira contribuem para a inserção profissional de refugiados haitianos? O objetivo geral da pesquisa é identificar como estas atividades influenciam na contratação dos refugiados haitianos. Os objetivos específicos são: 1) identificar os fatores culturais, pessoais e experienciais dos haitianos que influenciam no processo de aculturação; 2) caracterizar as atividades desenvolvidas pela ONG estudada; 3) identificar percepções na empresa em relação aos refugiados contratados.
Conceitua-se refugiado como uma pessoa que deixa o seu país de origem devido a fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas e violação de direitos humanos (BRASIL, 2018). O termo aculturação refere-se a mudanças que ocorrem em grupos e indivíduos quando duas culturas diferentes se encontram (PHILLIMORE, 2011). Berry (1997) propôs quatro estratégias de aculturação: integração, assimilação, separação e marginalização, consideradas nas análises dos dados empíricos.
Foram realizadas entrevistas não estruturadas com as administradoras da ONG responsáveis pelo desenvolvimento e implementação das atividades formais regulares que visam a aculturação e inserção profissional dos refugiados. Além disso, realizou-se a observação estruturada de diversas atividades da ONG e a análise documental de material impresso e slides das apresentações nos seminários. As entrevistas transcritas e o material coletado foram submetidos à técnica de análise de conteúdo de Bardin (2002), na perspectiva qualitativa.
O processo de análise das entrevistas gerou a identificação de oito categorias pertinentes ao processo de aculturação e inserção profissional de refugiados haitianos. Destas, três inspiram-se dos fatores descritos por Phillimore (2011) enquanto outras duas exploram as diferenças culturais entre Brasil e Haiti no que tange o sentido dado ao trabalho e as percepções na empresa dos empregados haitianos. As demais categorias permitem caracterizar as seis atividades formais regulares desenvolvidas pela ONG e os cinco valores organizacionais que contribuem para moldá-las.
A pesquisa identificou a influência das atividades realizadas em uma ONG que atua há 6 anos com refugiados haitianos, sobre o processo de aculturação e inserção profissional deles. Por meio da exploração inédita dos pontos de interação entre estes construtos, obteve-se uma compreensão mais profunda dos desafios da integração. A relevância do presente estudo encontra-se na divulgação em meio acadêmico de iniciativas capazes de contribuir de forma consistente para a integração efetiva de refugiados na sociedade brasileira. Por fim, foram feitas sugestões para futuras pesquisas no campo.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo – São Paulo: Martins Fontes, 2002. BERRY, J. W. Immigration, Acculturation, and Adaptation Applied Psychology : An International Review. v. 46, n. 1, p.5-68, 1997. BRASIL. Ministério da Justiça Refúgio em números - 3a. edição. Brasília, DF, 2018. PHILLIMORE, J. Refugees, Acculturation Strategies, Stress and Integration. Journal of Social Policies. v.40, n.3, p.575-593, 2011.