Resumo

Os mercados são passíveis de mudanças e alterações, gerando incerteza e dificuldade na projeção de retornos. Nos países em desenvolvimento o grau de volatilidade e risco aumentam, tanto em função da economia não estabilizada, quanto de um cenário político frágil. Diante da relevância do fato e seu impacto social/econômico, há necessidade de prever essa situação para que o risco de falência seja minimizado, inclusive auxiliando a gestão da empresa no planejamento estratégico. Em resposta a essa necessidade, estudos foram desenvolvidos para criação de modelos de previsão de falência.

Cabe refletir acerca das contribuições que os estudos desenvolvidos no Brasil sobre modelos de previsão de falência têm apresentado quanto à (i) validação desses modelos, (ii) sua aplicação ao cenário brasileiro, (iii) e as carências que estudos futuros poderiam suprir. Uma vez que diversos estudos sobre falência foram desenvolvidos ao longo dos anos, e estes apresentaram diferentes métricas de cálculos e metodologias, surgiram questionamentos sobre sua eficiência, a acurácia das previsões, as adaptações necessárias para a aplicação dos modelos e a contribuição dos resultados das pesquisas.

Para melhor desenvolvimento deste estudo, o referencial teórico foi dividido em duas seções, a primeira se ocupa em reunir as definições no cânone do termo falência e termos correlatos, enquanto que a segunda levanta resultados de estudos similares aplicados em contextos internacionais. Dessa forma, ficam estabelecidos parâmetros para delimitar o que vem a ser falência, bem como o comportamento esperado dos modelos de previsão. Reunimos a definição de failure, insolvency, default e bankruptcy. Apresentamos algumas das principais discussões sobre a temática falência no contexto internacional.

Feita a seleção prévia dos artigos, este estudo se dedica a observar aspectos pontuais e pertinentes para reflexão das contribuições da aplicação de cada modelo, como (i) a definição de falência, (ii) setor pesquisado, (iii) modelo utilizado, (iv) variáveis controladas e (v) a forma de classificação das empresas. Como observado, as pesquisas progrediram ao longo dos anos, abordando uma gama maior de variáveis do que dos trabalhos precursores. Porém, esta inclusão de diversas outras variáveis não é em um único estudo, o que pode gerar problemas de endogeneidade.

Os artigos apresentaram os mais diversos setores, variáveis e modelos empregados. Existem pontos a serem analisados com maior cuidado, como a diversidade de segmentos empregados nos trabalhos. No artigo que utiliza somente empresas financeiras, os autores ainda consideram similar bancos e cooperativas. Estas instituições têm finalidades econômicas diferentes, com e sem fins lucrativos, além de atuarem em restrição a clientes. Existem ainda outros fatores não trabalhados nas pesquisas como por exemplo a normalidade multivariada, exigida para a análise discriminante e a endogeniedade.

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