Resumo

Os desenvolvimentos teóricos e empíricos dos estudos de competência organizacional não foram acompanhados de avanços significativos nas abordagens metodológicas (ROSE; DAELLEMBACH, 1999) o que não contribui para o entendimento de competência organizacional, e até dificultar este entendimento (COCKBURN, 1994 ROSE; DAELLEMBACH, 1999; DIAS, BECKER, 2013). Este trabalho apresenta desenho de uma pesquisa histórica, realizada recentemente, explora uma abordagem qualitativa de competência organizacional, com destaque para as forças e limitações identificadas, visando inspirar futuros trabalhos

Diante da lacuna metodológica nos estudos de competência organizacional, define-se o objetivo de discutir uma abordagem histórica e interpretativista do processo de formação e desenvolvimento de competência organizacional. Enfrenta-se um desafio metodológico em função de limitações: na operacionalização do conceito de competência organizacional; e de métodos de pesquisa, sendo a necessidade de investigá-los identificada tanto nos estudos de competência organizacional quanto nos estudos históricos. (RUAS et.al., 2005; MUNCK; DIAS, 2013; TAKAHASHI, FISCHER, 2009; DIAS, BECKER, 2013; SALAMA, 1994

Compreende-se a organização numa abordagem dinâmica e processual (DUARTE; ALCADIPANI, 2016; SANTOS; SILVEIRA, 2015) e com a adoção da história (nova) como princípio analítico-interpretativo. Os estudos de história organizacional se mostram presentes na agenda de pesquisa dos teóricos organizacionais, a partir de diversas perspectivas teóricas e metodológicas e as mais variadas tipologias organizacionais(SANTOS,2009;DIAS,2011;BECKER E DIAS, 2013) Quanto às competências organizacionais, são associadas ao desempenho das organizações, sejam elas empresarias, públicas ou do terceiro setor.

As escolhas epistemológicas, teóricas e metodológicas se sintetizam em uma abordagem histórica do processo de formação e desenvolvimento de competência organizacional. Utilizou-se predominantemente métodos históricos, os quais guiaram a decisão operacional quanto às técnicas de coleta de dados: pesquisadocumental, observaçãonão-participante e entrevista com recursos da história oral temática. Foram entrevistados 6ex-presidentes; 4ex-diretores, 2diretores, 2funcionários, 2professores, 1assessor da presidência. Como técnica de análise de dados, priorizou-se analise temática (BRAUN; CLARK,2006)

Registra-se que a análise temática contribuiu para o desenvolvimento de pesquisas de cunho histórico e interpretativista, pois a falta de registro de metodologia sobre como realizar pesquisa histórica explica o desafio da integração entre a análise histórica e a organização. Este tem sido o desafio dos autores em outras investigações que serviu de motivação para a escrita deste artigo. Do mesmo modo análise temática também contribuiu com a escolha amparada pelos paradigmas interpretacionistas, nos quais as organizações são processos que surgem das ações intencionais das pessoas.

Ao cumprir o objetivo de discutir uma abordagem histórica e interpretativista da competência organizacional. procurou-se diminuir timidez dos estudos históricos-organizacionais brasileiros a partir de pequenas ousadias historiográficas (SILVA, SOUZA, SILVA, 2017). Propõe-se: i) o avanço da pesquisa sobre competências organizacionais no setor público pois significa investigar a efetividade do comportamento e das práticas criadoras de valor; e ii) a discussão ampla e profunda da pesquisa histórica e interpretativista no campo dos estudos organizacionais e das competências organizacionais

BRAUN, V.; CLARK, V. Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research, v. 3, n. 2, p. 77-101, 2006 COSTA, A. S. M. da; et. al. Perspectiva histórica em administração: novos objetos, novos problemas, novas abordagens. RAE, v. 50, n. 3, jul./set., 2010 KAEHLER, Cristiano Guterres. Framework de avaliação de competências organizacionais: o caso de uma empresa brasileira de agenciamento marítimo. Dissertação ( Mestrado) - Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia. PUC do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, MEIHY, J C.S; RIBEIRO, S.L Guia Prático de história oral. Contexto, 2011