Resumo

Apesar de ser o papel do Estado através de suas instituições econômicas, sociais e políticas atender às necessidades básicas e aos direitos dos indivíduos na sociedade, essas estão falhando em servir grandes segmentos da população, contudo diversos autores afirmam que Empreendedorismo Social pode ser visto como uma resposta a um problema posto: a crise do Estado de Bem-Estar Social. E apesar da atualidade e importância do fenômeno, existem poucos estudos que utilizem a abordagem institucional macro na área específica do ES para pesquisar os fatores ambientais que afetam as atividades das ES.

Ferri e Urbano(2011) destacam que os fatores ambientais são muito importantes para o surgimento e implementação de ações sociais. Mair(2010) e Griffiths, Grudry e Kickul(2013) revelam que, onde ES operam moldam suas oportunidades, estratégias e táticas. O fenômeno do ES manifesta-se de forma diferente em diferentes contextos. Tem-se assim o seguinte objetivo de pesquisa: analisar a relação entre o número de empreendedores e variáveis institucionais, através de um estudo cross-country. Questão de pesquisa: Quais variáveis institucionais apresentam relação com o número de empreendedores locais?

Ferri e Urbano (2011) afirmam que estudos recentes apontam que a abordagem institucional é considerada um adequado arcabouço teórico para a análise dos fatores ambientais que afetam a criação de novos atores sociais. North (1990) distingue entre instituições formais e informais. No entanto, existem poucos estudos que utilizem a abordagem institucional na área específica do ES para pesquisar os fatores ambientais que afetam as atividades sociais empreendedoras. (Ferri e Urbano, 2011; Griffith, Grundry e Kickul, 2013)

Para atendimento ao objetivo da pesquisa e teste da Hipótese 1 é utilizada a técnica de análise de regressão linear, com uma amostra de 87 países, estuda-se o impacto de variáveis institucionais: gasto público, nível de educação, PIB per capita, acesso a financiamento, efetividade da governança, facilidade de empreender, liberdade econômica, índice de desenvolvimento humano, presença de instituição de incentivo ao ES e tipo de economia. E, visando testar a hipótese 2 é realizado um teste de médias – ANOVA a um fator, considerando os tipos de economia: liberal, cooperativa e emergente.

O PIB per capita e a presença da ASHOKA tem relação negativa com o número de empreendedores. Enquanto o IDH possui relação positiva com o número de empreendedores. Mas em contexto econômico liberal/cooperativo há relação significativa entre o número de empreendedores e as variáveis: nível de educação, facilidade de empreender, acesso ao financiamento e efetividade de governança. Já Economias Emergentes, quanto maior o PIB Percapita, maior o número de empreendedores. Percebe-se, que o modelo tem maior capacidade explicativa em economias liberais e cooperativas em relação aos países emergentes.

Verifica-se que não há diferenças significativa entre a média de empreendedores sociais entre os países de economia Liberal e Cooperativa, o que possibilita rejeitar a hipótese, de que países de Economia Liberal possuem maior número de empreendedores que países de economia Cooperativa. Quanto a hipótese de que o empreendedorismo social acontece de forma diferente em contextos internacionais diferentes, pode-se afirmar que a hipótese foi aceita, tendo em vista, os mesmos fatores institucionais não possuem relação igual em países de economias diferentes.

FERRI, Elisabet; URBANO, David. (2011). Social Entrepreneurship And Environmental Factors: A Cross-Country Comparision. Research Work International Doctorate in Entrepreneurship and Business Management Department of Business Economics & Administration, Universitat Autonoma de Barcelona. GRIFFITHS, M. D., GUNDRY, L. K., KICKUL, J. R. (2013). The socio-political, economic, and cultural determinants of social entrepreneurship activity: An empirical examination. Journal of Small Business and Enterprise Development, 20(2), 341-357.