Resumo

Diante das transformações contemporâneas, o posicionamento da universidade tem sido tratado dentro das perspectivas do empreendedorismo e da inovação, visto que quando as universidades o incentivam, elas estarão mais atentas aos anseios da sociedade. Uma forma efetiva que as universidades dispõem para contribuir com o desenvolvimento do seu entorno, é por meio da disseminação do conhecimento ali construído, colocando-o à serviço da comunidade, promovendo, por exemplo, empresas de base tecnológica ou startups e atuando na formação de profissionais e cidadãos com o uso de metodologias ativas.

É possível gerar resultados concretos para startups a partir de uma disciplina na universidade que se pauta na TME enquanto metodologia ativa de ensino? Assim, como objetivo geral definiu-se: analisar o retorno para sociedade a partir da adoção da TME na opinião dos alunos que cursaram a disciplina de Empreendedorismo Tecnológico do Curso de Administração na UNIFEI. E, como objetivos específicos: (i) Avaliar a opinião dos alunos sobre o retorno à sociedade no momento da disciplina; e (ii) Avaliar a opinião dos alunos sobre o retorno à sociedade após terem cursado a disciplina.

Para Schmitz et al. (2016) a universidade está sendo constantemente desafiada a se tornar, de fato, uma instituição social mais atuante, colocando-se à serviço da comunidade. Dessa forma, a adoção de metodologias ativas parecem ser uma estratégia pertinente. As metodologias ativas podem ser compreendidas como ferramentas que visam o desenvolvimento crítico de futuros profissionais em diversas áreas. A Técnica Multidimensional de Ensino (TME), metodologia analisada no estudo, considera a totalidade do indivíduo no processo de aprendizagem, há uma integração entre teoria, indivíduo e sociedade.

Utilizou-se como método, o estudo de caso, da disciplina de Empreendedorismo Tecnológico da UNIFEI. Utiliza-se de abordagens quantitativas e qualitativas. Na coleta de dados, utilizou-se de duas fontes: documentos (45 relatórios entregues pelos alunos no período de 2012 a 2016) e questionários (122 respostas válidas, aplicados pela ferramenta Survey Monkey®). Quanto as análises dos documentos, utilizaram-se de análise de conteúdo por frequência e categorias. Para a análise dos questionários, utilizou-se de técnicas multivariadas: análise de cluster e análise discriminante (método Stepwise).

A análise dos documentos evidenciou que os alunos consideram que contribuíram para as startups durante a disciplina. Os resultados das análises de cluster e discriminante evidenciaram dois grupos distintos: Grupo 1: “Concordantes” que são anuentes às implicações da técnica para a sociedade. Os respondentes desse grupo avaliaram positivamente a troca de experiência e o relacionamento entre os envolvidos. Já o grupo “Indiferente” não percebeu os benefícios advindos do relacionamento e da troca de experiências. Entretanto, esse último grupo também concorda que a TME é efetiva para a sociedade.

Observa-se que houve implicações da TME para a sociedade, sendo avaliadas como positivas para alunos. A TME também mostrou-se como uma ferramenta pertinente para a formação do administrador, especificamente no contexto das startups, visto que proporcionou ao discente aprendizagem e troca de experiências situadas em um contexto. Foi evidenciado que com o amadurecimento da técnica ao passar dos anos, aumenta a aceitação dos alunos a metodologia, e isso é percebido pelos alunos que cursaram a disciplina nos últimos três anos com maior dedicação ao projeto.

Franco, M. A. S., & Pimenta, S. G. (2016). Didática Multidimensional: por uma sistematização conceitual. Educação & Sociedade, 37(135). Nacu, C. M., & Avasilcăi, S. (2014). Technological Entrepreneurship: Success Factors as Perceived by Potential Young Entrepreneurs. Advanced Materials Research, 837, 639-644. Kitchens, B., Means, T., Tan, Y. R. (2018) Captivate: Building blocks for implementing active Learning. Journal of Education for Business, 93 (2), 58-73. Snyder, K. D. (2003) Ropes, poles, and Space. Active learning in business education. Active Learning in Higher Education, 4 (2), 159–1