Resumo

Título do Artigo

TEMPO, PRAZER E SOFRIMENTO NA PÓS-GRADUAÇÃO: PERCEPÇÕES E VIVÊNCIAS DE DISCENTES DE DIFERENTES ÁREAS DO CONHECIMENTO
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Palavras Chave

Tempo
Prazer e Sofrimento
Pós-Graduação

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa

Autores

Nome
1 - Silas Dias Mendes Costa
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Belo Horizonte
2 - Samara de Menezes Lara
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Belo Horizonte
3 - Jane Kelly Dantas Barbosa
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Faculdade de Ciências Econômicas
4 - Letícia Rocha Guimarães
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Belo Horizonte

Reumo

A pós-graduação no Brasil se relaciona a órgãos como a CAPES -Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - que estabelece requisitos e métricas repassados às Instituições de Ensino Superior (IES) com o objetivo de assegurar a qualificação dos cursos (CAPES, 2018). Os discentes, público alvo desta pesquisa, são peças-chave na manutenção da qualidade exigida, até mesmo para que alcancem os títulos pretendidos (mestre e doutor). Concomitantemente, surgem questionamentos envolvendo tempo, prazer e sofrimento neste processo, ao qual o estudo se debruça a compreender e aprofundar.
A pergunta central deste estudo é: Quais são as percepções de discentes de mestrado e doutorado em relação ao tempo, ao prazer e ao sofrimento vivenciados durante o período da pós-graduação? O objetivo norteador foi compreender as percepções de discentes de mestrado e doutorado em relação ao tempo, ao prazer e ao sofrimento vivenciados durante o referido período.
A fundamentação teórica da pesquisa se pauta nas temáticas: 1) tempo e percepções temporais, trazendo uma contextualização sobre o tema e seus estudos na área da Administração, com ênfase nas dimensões temporais de Bluedorn e Jaussi (2007); 2) díade prazer e sofrimento no trabalho, considerando os fatores realização profissional e liberdade de expressão (associados ao prazer) e falta de reconhecimento e esgotamento profissional (associados ao sofrimento) e nas estratégias de enfrentamento que podem ser adotadas; além de uma caracterização do contexto da pós-graduação e suas métricas no Brasil.
Com o intuito de alcançar o objetivo proposto, foi realizado um estudo qualitativo-hermenêutico considerando uma amostra de 25 pós-graduandos de diferentes áreas de conhecimento científico. Foi utilizado um questionário divulgado através da social Facebook. Após preenchimento online dos questionários, os dados foram tabulados e analisados por meio da técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2008) com base nas dimensões temporais propostas por Bluedorn e Jaussi (2007) e na Escala de Indicadores de Prazer-sofrimento no Trabalho (EIPST), validada por Mendes (2007).
A maioria dos respondentes se considera sem tempo, pontual, monocrônico (embora precise adotar a policronia), com maior conexão com o futuro e comportamentos arrastados pelo tempo/ritmo de terceiros. Os sentimentos de cobrança e pressão estão associados à percepção temporal para a maioria deles, salientando o sofrimento que decorre da maneira com a qual cada um lida com o seu tempo e a distribuição de suas demandas. Os relatos de prazer foram mais escassos e se relacionaram principalmente ao reconhecimento, à convivência com os amigos e aos conhecimentos e resultados adquiridos.
A maioria dos respondentes se considera sem tempo para realizar as atividades que precisa ou gostaria. Este fato contribui para alguns problemas como: estresse, culpa, pressão e exaustão mental. Sobre prazer e sofrimento, grande parte mencionou como fontes de prazer: convivência com amigos, aquisição de conhecimentos, sensação de dever cumprido, reconhecimento e atividades que fogem do contexto acadêmico. A principal fonte de sofrimento mencionada foi cobrança e pressão por produtividade em um tempo que não necessariamente condiz com o que o discente pretende/consegue efetivar suas atividades.
BLUEDORN, A.C.; JAUSSI, K.S. Organizationally Relevant Dimensions of time across levels of analysis, In: DANSEREAU, F.; YAMMARINO, F.J. (orgs.), Multi-Level Issues in Organizations and Time. Research in multi-level issues – v.6, Elsevier, Oxford, p.187-223, 2007. DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. 5 ed. São Paulo: Cortez, Oboré, 1992. MENDES, A.M. Da psicodinâmica à psicopatologia do trabalho. In: MENDES, A.M. (org.). Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo, p. 29-48, 2007.