Resumo

A inovação é um dos principais elementos impulsionadores do crescimento econômico, da prosperidade das organizações e da obtenção de vantagem competitiva. No entanto, nos dias atuais poucas são as organizações que conseguem inovar individualmente, ou seja, as organizações precisam se juntar, colaborar para desenvolver e/ou implementar inovações. Alguns textos e estudos já destacam a relevância da colaboração para a inovação, sendo que alguns até investigaram a relação entre a colaboração e a inovação e um dos textos pesquisados buscou verificar justamente o impacto da colaboração na inovação.

Considerando que Tomlinson (2010) destaca que a literatura e as evidências empíricas tendem a suportar a noção de que a colaboração entre empresas tem um impacto positivo sobre a inovação, a questão que norteará este estudo pode ser descrita como: Qual o grau a influência da colaboração para a inovação sobre implementação de inovações? Desta forma, o objetivo deste estudo consiste identificar e analisar a influência da colaboração para a inovação sobre a implementação de inovações nas indústrias brasileiras.

A fundamentação teórica está alicerçada na inovação (SCHUMPETER, 1997; TUSHMAN; O’REILLY III, 1997; HENDERSON; CLARK, 2001; CHRISTENSEN; RAYNOR, 2003; BURGELMAN; CHRISTENSEN; WHEELWRIGHT, 2004; OECD, 2005; KLEMENT, 2007; DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007; ZILBER; PEREZ; LEX, 2009; IBGE, 2013), nas fontes de colaboração (TETHER, 2002; ROMIJN; ALBALADEJO, 2002; HOWELLS; TETHER, 2004; EUROSTAT, 2004; OCDE, 2005; MANSURY; LOVE, 2008; CSO, 2009; IBGE, 2013) e nos motivos para colaborar (TETHER, 2002); ROMIJN; ALBADEJO, 2002; OCDE, 2005; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008; BOS-BROUWERS, 2010).

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e analítico, com coleta de dados por meio de questionário estruturado com questões em escala de 5 pontos, formulada a partir da literatura pesquisada. A coleta foi realizada junto a indústria brasileira de transformação, sendo que a amostra é composta por 230 questionários válidos. As análises consistem inicialmente da Análise Fatorial Exploratória (AFE), com confirmação da consistência interna a partir do Alfa de Cronbach, e por fim pela Análise de Regressão Linear Múltipla. As análises foram viabilizadas pelo software SPSS®.

Considerando que as variáveis dos motivos e fontes são correlacionadas entre si, optou-se pela Análise Fatorial Exploratória para agrupar as mesmas, sendo gerados dois fatores em cada uma delas. Estes 4 fatores são as variáveis independentes da Análise de Regressão Linear Múltiplas, na qual as 5 variáveis referentes a inovação são as variáveis dependentes, sendo assim gerados 5 modelos de regressão. Os resultados indicaram que apenas o 1º fator das fontes foi significante nos 5 modelos e o 1º fator dos motivos foi significante em 3 modelos.

Os resultados indicam a influência de parte das fontes de colaboração e parte dos motivos para colaborar sobre a inovação, considerando 5 aspectos desta (radical em produto; incremental em produto, radical em processo, incremental em processo e organizacional). Assim, conclui-se que efetivamente a colaboração é um fator que impacta na inovação, mas ainda de forma incipiente, pois apesar de alguns aspectos da colaboração aparecerem nos modelos, os próprios modelos não apresentam um poder de explicação (R2) elevado a ponto de ser possível afirmar que a colaboração explica boa parte da inovação.

KUHL, M.R. et al. Colaboração para inovação e desempenho sustentável: evidências da relação na indústria eletroeletrônica. BBR, v. 13, n. 3, p. 1 - 25, 2016. SCHUMPETER, J.A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juros e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997. TETHER, B.S. Who co-operates for innovation, and why? An empirical analysis. Research Policy, v. 31, p. 947-967, 2002. TOMLINSON, P.R. Co-operation ties and innovation: some new evidence for UK manufacturing. Research Policy, v. 39, p. 762-775, 2010.