Resumo

Título do Artigo

Distribuição de valor: uma análise do que é importante para os stakeholders à luz das matrizes de materialidade
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Palavras Chave

Materialidade
Gestão para stakeholder
Distribuição de valor

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Estratégia Corporativa e de Stakeholders

Autores

Nome
1 - Raissa de Azevedo Barbosa
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Pós-Graduação Administração

Reumo

Entender as preferências dos diferentes grupos entre os recursos tangíveis e intangíveis disponíveis utilizados para distribuição de valor, pode auxiliar a empresa na procura pela eficiência, uma vez que a possibilita direcionar suas estratégias na busca em oferecer ao stakeholder o que realmente importa, levando a uma melhor alocação dos recursos (HARRISON; BOSSE; PHILLIPS, 2010). Essas preferências podem ser conceituadas como materialidade e embora o conceito de materialidade seja de fácil entendimento, a sua avaliação, na prática, permanece sendo uma tarefa complicada (CHEN; TSAI, 2017).
O presente trabalho será conduzido e delineado pelo seguinte problema de pesquisa: quais são os temas materiais para os stakeholders de empresas de diferentes setores? Assim, o objetivo desta pesquisa é desenvolver um framework dos temas materiais para diferentes grupos de stakeholder na perspectiva GRI. Para tanto, são analisadas as matrizes de materialidade de empresas de diferentes setores, identificando os temas materiais e propondo uma categorização unívoca dos temas.
Apenas o fato de gerir os diferentes grupos e distribuir valor não assegura que as necessidades dos stakeholders estejam sendo atendidas, para tanto, é importante entender o que cada grupo reconhece como valor, remetendo à necessidade de compreender o que é materialidade. Os novos atores envolvidos, os stakeholders, esperam que a materialidade se fundamente em aspectos que vão além do impacto financeiro (EDGLEY; JONES; ATKINS, 2015) e um dos maiores desafios enfrentados pela empresa é como o novo conceito de materialidade pode ser aplicada ao desempenho organizacional (ACCOUNTABILITY, 2013).
O objetivo desta pesquisa foi desenvolver um framework dos temas materiais para diferentes grupos de stakeholders na perspectiva GRI. Um estudo exploratório de abordagem qualitativa foi desenvolvido, analisando as matrizes de materialidade presentes nos relatórios de sustentabilidade das empresas, configurando-se assim, uma pesquisa empírica com dados secundários. Na primeira etapa foram analisadas 108 matrizes de materialidade, das quais 48 identificaram o(s) grupo(s) de stakeholder para os quais o tema era relevante. Assim, a amostra é de 48 matrizes, de 26 empresas ao longo de 3 anos.
Foi possível perceber, ao analisar as matrizes de materialidade que, no geral, os stakeholders de todas as empresas seguem um padrão em relação aos temas que julgam material. O framework proposto é composto por 42 temas materiais, que na sequência, foram alocados em 5 diferentes categorias. Ao focar em temas e questões que são materiais, a empresa não desprende de tempo e recursos com questões que não são valorizadas. O framework auxilia à empresa para uma melhor destinação dos recursos, objetivando o atendimento das necessidades dos seus diferentes grupos.
Com o framework é possível identificar temas que mais se repetem ao longo dos anos, permitindo que uma empresa, objetivando uma distribuição de valor mais eficaz para os seus stakeholders, ao se dedicarem ao atendimento das questões materiais apresentadas, alcancem uma maior satisfação e otimize o uso dos seus recursos. O framework também auxilia no avanço de pesquisas sobre distribuição de valor a stakeholders, pois propõe categorias organizadoras da pluralidade de linguagens e formatos encontrados nas matrizes de materialidade das empresas.
ACCOUNTABILITY. Redefining materiality II. Why it matters, who's involved and what it means for corporate leaders and boards. New York: 2013. CHEN, S., TSAY, B. Refer to Materiality as a Legal Concept. The Journal of Corporate Accounting & Finance, p. 55-61, January/February 2017. HARRISON, J. S.; BOSSE, D. A. How much is too much? The limits to generous treatment of stakeholders. Business Horizons, v. 56, n.3, p. 313-322, 2013. KHAN, M., SERAFEIM, G., YOON, A. "Corporate Sustainability: First Evidence on Materiality." Harvard Business School Working Paper, No. 15-073, March 2015.