1 - Edson Renel da Costa Filho UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEA
2 - Marcelo Caldeira Pedroso UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA)
Reumo
O crescimento da oferta de Mestrados Profissionais leva ao aumento de executivos que relacionam a experiência prática com a teoria. Neste contexto, geralmente o próprio pesquisador é também o “praticante”. Em determinados casos, ele pode recomendar e implantar ações relacionadas ao problema sob investigação. Nesses casos, a pesquisa-ação é um método de pesquisa a ser considerado (Thiollent, 2007).
A pesquisa-ação é um método relativamente menos utilizado, tornando a menor oferta de referências um desafio adicional para o pesquisador. Os autores deste trabalho passaram por esta situação ao conduzir uma investigação com objetivos acadêmico e mercadológico.
O problema de pesquisa deste artigo é: "como estruturar uma pesquisa-ação como método para pesquisas que relacionam a prática à teoria?"
O objetivo deste artigo é de contribuir à literatura registrando e divulgando uma proposta de método de pesquisa-ação combinada a process studies.
A pesquisa-ação possui objetivos técnico e científico (Thiollent, 2007) e se estrutura em ciclos que compreendem contexto e propósito; coleta e análise de dados; planejamento, e implementação de ações; e monitoramento (Coughlan & Coughlan, 2002).
Process studies tem por objetivo encontrar padrões a partir do estudo de uma sequência de eventos e ações ao longo do tempo (Pettigrew, 1997).
Langley A. (1999) elenca estratégias para análises em process studies: manipulação de palavras (p. ex. narrative strategies), de números (p.ex. quantification) ou de diagramas (p.ex. visual map).
A Pesquisa-Ação proposta contém ciclos precedidos de “Contexto e Propósitos” e compostos por: “Planejar” (estabelece o Plano de Ação), “Agir & Observar” (executa o plano e cria novas ações para o mesmo plano) e “Refletir” (encerra o plano e o ciclo).
Os dados coletados foram “hard data” (p.ex., relatórios de mercado) ou “soft data” (entrevistas). A demonstração dos dados foi por Narrativa e Visual Map – Arquitetura do Modelo de Negócios de Pedroso (2016).
A Análise de dados inclui a contagem de elementos únicos e totais por componentes do Modelo de Negócios; e comparações à literatura.
A construção consciente e deliberada dos ciclos da Pesquisa-Ação é a base para sua validação, cuja principal ameaça é a de parcialidade por parte do pesquisador (Coughlan & Coughlan, 2002).
O rigor supracitado orientou a estruturação da Pesquisa-Ação apresentada neste artigo. Nesta, inicia-se pelo entendimento do contexto, segue-se em ciclos modulares compostos por etapas que buscam validações prática e teórica.
Espera-se que a estrutura proposta contribua para que outros pesquisadores relacionem sua prática à teoria.
Coughlan, P., & Coughlan, D. (2002). Action research for operations management. International Journal of Operations & Production Management, pp. 22(2), 220-240
Langley, A. (1999). Strategies for theorizing from process data. The Academy of Management Review, pp. 24(4), 691-710.
Pedroso, M. C. (2016). Modelo de negócios e suas aplicações em administração. São Paulo, São Paulo, Brasil: USP.
Pettigrew, A. M. (1997). What is a processual analysis? Scandinavian Journal of Management, pp. 13(4), 337-348.
Thiollent, M. (2007). Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez