Resumo

Evidenciados diversos escândalos financeiros, os mecanismos de governança corporativa, dentre eles o comitê de auditoria, surgiram para auxiliar no controle e supervisão das empresas (Nugroho e Fuad, 2017). O comitê de auditoria fortalece o sistema de controle interno, melhorando a qualidade das demonstrações. Além disso, conforme Pham et al. (2017), outro aspecto que começou a ter valor importante na inter-relação com a governança corporativa foi à auditoria externa. A qualidade da auditoria precisa ser alta para garantir que as empresas divulguem informações de forma rápida e assertiva.

Dado que os comitês de auditoria são responsáveis por avaliar os custos e benefícios dos serviços de não auditoria, que diretores independentes têm incentivos para monitorar tais serviços e que especialistas financeiros são mais capazes de supervisionar a compra dos serviços de não auditoria (Wu et al., 2016), surge o interesse de pesquisa, mediante o problema: qual a influência do comitê e da firma de auditoria nos honorários de não auditoria em empresas brasileiras? O objetivo é verificar a influência do comitê e da firma de auditoria nos honorários de não auditoria em empresas brasileiras.

De acordo com Lee (2008), o debate sobre os serviços de não auditoria está, entre outros planos, no interesse acerca da ligação econômica entre clientes e os auditores contratados. Neste sentido, o autor é enfático ao afirmar que o principal dever dos comitês de auditoria é revisar e monitorar a independência dos auditores externos no relacionamento com os gestores corporativos. Além disso, Houghton e Jubb (1999) destacam que as análises das relações entre os honorários e as qualificações da firma de auditoria são essenciais para a compreensão do mercado de serviços de auditoria como um todo.

Para a consecução do objetivo, desenvolve-se pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e de análise do documental. A população do estudo compreende todas as empresas brasileiras listadas na Brasil Bolsa Balcão – B3. A amostra de pesquisa, por sua vez, abrangeu 223 empresas que geraram 1.115 observações entre os anos de 2012 e 2016. Como técnica estatística, fez-se uso da regressão Tobit.

Tem-se que a presença do comitê de auditoria, bem como suas características de independência, expertise e tamanho não foram significativas, não influenciando nos honorários de não auditoria. Quanto às especificidades da firma de auditoria, observou-se que o tamanho da firma (Big 4), o tempo de permanência desta no cliente e o tempo de divulgação do relatório de auditoria são determinantes dos honorários de não auditoria, sendo as duas primeiras com influência positiva e a última negativa. A única variável não significativa vinculada às características da firma de auditoria foi à rotatividade.

Os resultados apontam que apenas os aspectos vinculados à firma de auditoria impactam nos honorários de não auditoria, enquanto a presença do comitê de auditoria e suas características não influenciam nos honorários de não auditoria. Apesar dos resultados importantes, este estudo não pretende esgotar o fenômeno existente entre as variáveis em estudo, abrindo espaço para pesquisas futuras. Logo, sugere-se verificar se a remuneração dos membros do comitê de auditoria, quanto ao volume (total pago) e a forma (dinheiro e/ou ações), afetam a contratação e dispêndio em serviços de não auditoria.

Nugroho, D. A., & Fuad, F. (2017). The influence of audit committee characteristics, executive compensation, and audit complexity towards corporate audit fee. Diponegoro J. of Accounting, 6(4), 252-262. Pham, N. K., Duong, H. N., Quang, T. P., & Thuy, N. H. T. (2017). Audit Firm Size, Audit Fee, Audit Reputation and Audit Quality: The Case of Listed Companies in Vietnam. Asian J. of Finance & Accounting, 9(1), 429-447. Wu, C. Y. H., Hsu, H. H., & Haslam, J. (2016). Audit committees, non-audit services, and auditor reporting decisions prior to failure. The British Accounting Rev., 48(2), 240-25