Resumo

Atualmente, os estudos que visam desenvolver a teoria tem voltado sua atenção para questões relacionadas a criação e distribuição de valor para os stakeholders (Castro & Aguilera, 2015; Tantalo & Priem, 2016). Embora os estudos tragam informações valiosas sobre a questão da distribuição de valor para os stakeholders, ainda é necessário mais entendimento sobre como a distribuição de valor afeta a disposição dos stakeholders em contribuir para os objetivos da organização.

Harrison e Wicks (2013) argumentam que, em termos gerais, a noção de valor tem sido excessivamente simplificada, concentrando-se em retornos econômicos. No entanto, os stakeholders podem receber valor da organização por meio de diversas formas que vão além do valor financeiro. Dentre estas formas de receber valor está a utilidade associada a filiação (Harrison & Wicks, 2013). O presente estudo avança nessa discussão, tendo como objetivo testar empiricamente a influência da percepção de filiação na disposição dos stakeholders contribuírem para a criação de valor da organização.

O referencial teórico desta pesquisa foi desenvolvido com base na Teoria dos Staleholders e no Modelo proposto por Harrison e Wicks (2013). Este modelo é composto por quatro fatores, que são definidos em termos da utilidade que os stakeholders percebem receber da organização. Os quatro fatores incluem tanto aspectos tangíveis quanto intangíveis da distribuição de valor e estão associados com a motivação dos stakeholders para cooperar com a criação de valor das atividades da organização.

Para atingir o objetivo desta pesquisa foi empregada uma pesquisa de natureza quantitativa. A amostra estuda foi participantes de um festival de música nativista realizado no ano de 2017. Os dados foram coletados por meio de questionários estruturados que buscaram identificar a filiação do participante com o evento, sua propensão em contribuir para a melhoria do evento e dados demográficos, como idade, sexo e escolaridade. Os dados foram analisador por meio da técnica de regressão linear múltipla pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO).

Os resultados indicaram que as percepções de filiação, a qual é considerada por Harrison e Wicks (2013) como uma das formas que uma organização pode distribuir valor para seus stakeholders, está positivamente associada à disposição do stakeholder de contribuir com a organização, que neste caso específico, foi o evento nativista. Os resultados encontrados suportaram a hipótese proposta, indicando que quanto maior é a percepção de filiação do stakeholder, maior é sua disposição de contribuir com a melhoria da organização.

Do ponto de vista teórico, o estudo oferece evidências de uma relação ainda não estudada empiricamente. Essas evidências avançam na discussão de que o valor intangível que uma organização distribui para seus stakeholders é tão importante quanto o valor tangível. Do ponto de vista empírico, entender a relação entre distribuição de valor e seu impacto na percepção dos stakeholders pode ajudar os gestores a alocar de forma mais eficaz os recursos da organização à medida que, por vezes, as demandas de seus stakeholders podem ser atendidas sem o dispêndio de recursos financeiros.

Garcia‐Castro, R., & Aguilera, R. V. (2015). Incremental value creation and appropriation in a world with multiple stakeholders. Strategic Management Journal, 36(1), 137-147. Freeman, R. E. (1984). Strategic management: a stakeholder approach. Boston: Pitman. Harrison, J. S., & Wicks, A. C. (2013). Stakeholder theory, value, and firm performance. Business Ethics Quarterly, 23(1), 97-124. Tantalo, C., & Priem, R. L. (2016). Value creation through stakeholder synergy. Strategic Management Journal, 37(2), 314-329.