Resumo

Título do Artigo

NARRATIVAS DE TRABALHADORAS RURAIS NA CAFEICULTURA DA REGIÃO DO CERRADO MINEIRO: SUBALTERNIDADE, ESPAÇOS HIERARQUIZADOS E COLONIALIDADE
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Palavras Chave

Trabalhadoras Rurais
Relações de Gêneros
Teoria Pós-Colonial

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Fernanda Junia Dornela
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
2 - CINTIA RODRIGUES DE OLIVEIRA MEDEIROS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - FAGEN
3 - Valdir Machado Valadão Júnior
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - Fagen
4 - Raquel Santos Soares Menezes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Campus Rio Paranaíba

Reumo

Por mais longe que se volte na história, as mulheres não partilharam o mundo em condições de igualdade com os homens (BEAUVOIR, 1970; TEDESCHI; COLLING, 2014). No caso das trabalhadoras rurais, sujeitos de pesquisa pouco estudados na literatura, essas desigualdades também estão presentes em suas realidades, com destaque, também, para a ausência de valorização e reconhecimento de seu trabalho.
Especificamente, procuramos responder a seguinte questão: Como se manifestam as relações de gêneros nas narrativas das mulheres trabalhadoras rurais na cafeicultura da Região do Cerrado Mineiro? O objetivo geral foi analisar como se manifestam as relações de gêneros nas narrativas das mulheres trabalhadoras rurais, na cafeicultura da Região do Cerrado Mineiro.
Os estudos pós-coloniais apresentam como contribuição para a ruptura com uma história considerada única e sustentada por metanarrativas legitimadoras de ideologias do processo de colonização, responsáveis por naturalizar a dominação dos homens sobre homens e mulheres, cuja justificativa é o processo civilizatório (PEZZODIPANE, 2013).
Esta pesquisa é de natureza empírica, de abordagem qualitativa (FLICK, 2004). Participaram deste trabalho 14 trabalhadoras rurais na cafeicultura da Região do Cerrado Mineiro, aqui representada pelos municípios de Patrocínio, Carmo do Paranaíba e Monte Carmelo. Para selecionar as entrevistadas foi utilizada a técnica snowball (BIERNACKI; WALDORF, 1981). Para a reunião do material empírico foi utilizada a entrevista narrativa (JOVCHELOVITH; BAUER, 2008) e para análise utilizamos Análise Crítica do Discurso, por meio do modelo tridimensional de Fairclough (2001).
As entrevistadas se reconhecem e identificam com maior frequência como mães, donas de casa, trabalhadoras, guerreiras e batalhadoras. O que se mostrou mais recorrente nas análises foram as percepções de uma sociedade que ainda discrimina e subordina as mulheres, a quem, em diversas situações, não é dado o direito de falar, se manifestar, sem que ajam julgamentos. Os contextos de desigualdades evidenciados estão saturados de reproduções de estereótipos, afetando as maneiras como as entrevistadas se reconhecem e identificam, uma vez que a maioria delas têm naturalizado essas desigualdades.
Nós identificamos as ideias centrais dos estudos pós-coloniais: subalternidade, hierarquização do espaço e a manutenção da colonialidade. A contribuição principal está relacionada à lacuna nas produções científicas quanto aos trabalhos desenvolvidos sobre a temática gênero em contextos rurais, e, especificamente, sobre as trabalhadoras rurais na cafeicultura da Região do Cerrado Mineiro. Ainda por termos abordado neste trabalho as relações de gêneros, considerando os contextos rurais da cafeicultura, e, adotando a perspectiva teórico-metodológica pós-colonial.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo: fatos e mitos. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1970. BIERNACKI, P.; WALDORF, D. Snowball Sampling: Problems and Techniques of Chain Referral Sampling. Sociological, Methods & Research, vol. 10, n° 2, 1981. FAIRCLOUGH, N. Discurso e Mudança Social. Brasília: UNB, 2001. FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004. PEZZODIPANE, R.V. Pós-colonial: a ruptura com a história única. Simbiótica, n. 3, 2013. TEDESCHI, L. A.; COLLING, A.M. Os Direitos Humanos e as Questões de Gênero. História Revista, vol. 19, n° 3, 2014.