Resumo

Título do Artigo

O hackathon cívico como promotor da inovação aberta: um estudo de caso na gestão pública municipal.
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Palavras Chave

hackathon
gestão pública
inovação aberta

Área

Administração Pública

Tema

Atendimento ao Cidadão e Prestação de Serviços e Inovação em Gestão Pública

Autores

Nome
1 - Flavio Pinheiro Martins
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - FEA/RP-USP
2 - PERLA CALIL PONGELUPPE WADHY REBEHY
FEA-RP/USP - Administração
3 - Cláudia Souza Passador
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEARP
4 - José Marcelo de Castro
FEA-RP/USP - Departamento de Administração

Reumo

A Inovação Aberta (IA) pode contribuir para que o Estado seja mais eficiente e atenda as necessidades da sociedade. O hackathon, competição orientada para a solução de problemas reais, é um instrumento da IA que tem sido utilizado pelo setor público. A popularidade do evento faz com que surjam questões relacionadas ao seu papel na inovação dentro da esfera cívica. O trabalho acompanhou um evento realizado no contexto municipal. Os resultados imediatos do evento são inconclusivos, todavia os benefícios intangíveis: aproximação governo-cidadão e promoção da cidadania, justificam sua realização.
O hackathon cívico evento é capaz de permitir um engajamento cívico, genuíno e efetivo, para a promoção da inovação? O Estado consegue usufruir da inteligência coletiva no aprimoramento de seus serviços. Considerando que existem indicativos da falta de dados empíricos referentes a efetividade dos eventos, o presente trabalho objetiva descrever o potencial hackathon cívico, no contexto municipal, como instrumento de políticas promotora de inovação aberta.
O termo “hackathon cívico” pode sugerir um evento obscuro onde especialistas em computação, com intenções maliciosas, tentam interromper o fornecimento de energia ou brincar com os sinais de trânsito. Realidade é bem diferente. No cenário atual dos governos abertos, os “hackers cívicos” usam suas habilidades em programação em prol da melhoria da qualidade de vida do cidadão comum (ROBINSON; JOHNSON, 2016). O evento mostra-se bem sucedido em promover ou energizar uma cultura de dados abertos (LECLAIR, 2015) bem como para promover a interação cívica entre a sociedade e governo (MERGEL, 2015).
A primeira etapa do estudo foi a revisão estruturada (GOMES; CAMINHA, 2014). As palavras-chave utilizadas foram: innovation, hackathon, public e government. Após a leitura dos trabalhos e aplicação de critérios de inclusão restaram 14 trabalhos que compõem o referencial teórico. Na segunda etapa foi realizado um estudo de caso do hackathon cívico denominado “HackRibeirão 2017”. Foram entrevistados os agentes envolvidos, além das entrevistas, o evento foi acompanhado e registrado por meio de observação participante.
A dificuldade de situar o evento de IA na zona cinza entre o público-privado cria uma série de dificuldades que podem ser percebidos nas entrevistas. A primeira questão identificada é a semelhança do hackathon cívico com os procedimentos licitatórios (JOHNSON; ROBINSON, 2014). Tal aspecto reflete-se nas dificuldades de implementação das soluções, em especial na sua monetização. Outras dificuldades relacionadas a continuidade dos projetos também foi relatada nas pesquisas de Mergel (2015). A criação de um ambiente que fomenta cidadania e as parcerias é um grande beneficio desse tipo de evento.
No contexto de uma administração pública, cada vez mais cobrada para que consiga “fazer mais com menos”, e de uma população descrente com as instituições, o engajamento cívico nos hackathons, proporciona um ambiente de diálogo e criação colaborativa, gerando resultados intangíveis, que vão além das soluções tecnológicas materializadas. Pesquisas futuras podem voltar-se ao preenchimento das lacunas de resultados empíricos além de criar modelos de aplicação da ferramenta dentro do contexto nacional, auxiliando o melhor entendimento da interface público-privada, palco do evento.
CHESBROUGH, Henry William. Open innovation: The new imperative for creating and profiting from technology. Harvard Business Press, 2006. JOHNSON, Peter; ROBINSON, Pamela. Civic hackathons: Innovation, procurement, or civic engagement?. Review of Policy Research, v. 31, n. 4, p. 349-357, 2014. LECLAIR, Phillip. Hackathons: A Jump Start for Innovation. Public Manager, v. 44, n. 1, p. 12, 2015. MERGEL, Ines. Opening government: Designing open innovation processes to collaborate with external problem solvers. social science computer review, v. 33, n. 5, p. 599-612, 2015.